segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Saiu no jornal

Leia matéria publicada no caderno "Baixada" no jornal "O Dia" em 15/11/2009.
Paracambi vai ganhar Parque do Curió, mais arrecadação e turismo
Ave vai simbolizar o aumento de verbas nos cofres municipais através do ICMS verde no ano que vem. Área de 913,9 hectares atrás da Fábrica do Conhecimento será paga por empresa que deve compensação ambiental
Área do parque fica nos fundos da Fábrica do Conhecimento, em Paracambi. Previsão é que seja inaugurado até 2011
O curió de Paracambi, reconhecido nacionalmente como o canto mais bonito da espécie, vai ganhar um espaço personalizado. Semana passada, a Câmara de Compensação Ambiental do Estado do Rio de Janeiro aprovou a compra da área de 913,9 hectares, onde será instalado o Parque Municipal Natural do Curió de Paracambi, criado em 2003. A pequena ave vai simbolizar o aumento da arrecadação da cidade com o ICMS verde, destinado a municípios com unidades de conservação, além de gerar mais renda e emprego com o turismo.
A área, avaliada em R$ 600 mil, é propriedade particular da Companhia São Pedro de Alcântara e fica nos fundos da antiga Fábrica Brasil Industrial, onde hoje funciona a Fábrica do Conhecimento, e deve ser aberta em 2011. O valor será pago por uma empresa que deve compensação ambiental ao estado e será doado à Prefeitura, para gerir e criar atrativos para visitação turística, além da preservação das espécies nativas.
O secretário de Meio Ambiente de Paracambi, José Luís Oliveira, informa que o próximo passo é aguardar a finalização do plano de manejo, que está sendo custeado por outra medida compensatória, para levantar o quantitativo de fauna e flora, o potencial turístico, e catalogar os atrativos naturais. “Temos previsão de arrecadar R$ 710 mil com o ICMS verde em 2010. Deste total, R$ 250 mil serão por conta da criação do Parque do Curió”, comenta o secretário.
A fama e o canto do curió de Paracambi é preservado por criadores legalizados na cidade. O passarinho é muito valioso, chega a custar o valor de um carro zero. “Alguns são negociados por mais de R$ 35 mil”, diz o secretário. Apesar de raro, o curió ainda se reproduz na natureza, onde ninhos com filhotes são preservados por ambientalistas amadores.
Parque terá área para esportes e banho de cachoeira
Projeto inicial prevê construção de trilha para cegos, ecomuseu e ciclovia. Estudo apontará como preservar espécies em extinção

A preservação ambiental vai caminhar lado a lado com a visitação de turistas. O Parque do Curió terá capacidade para receber até 3 mil visitantes por dia. O secretário de Meio Ambiente de Paracambi, José Luís Oliveira, informa que será aberto para o ecoturismo. A área possui atrativos naturais para a prática de esportes radicais, como rapel e tirolesa, caminhada por trilhas, arvorismo e banhos de cachoeira. O aumento de turistas vai gerar recursos e movimentar a economia da cidade, gerando aumento de emprego e arrecadação.
Segundo o diretor-presidente da ONG Onda Verde, Hélio Vanderlei, e autor do projeto do parque, em 2003, envolvendo as instalações eram bem ousadas. “A proposta era construir a sede, um ecomuseu, ciclovia e uma trilha sensorial para cegos, com animais feitos de argila e madeira pelo caminho com plaquinhas de identificação em Braille. Estavam previstos também restaurantes e lojas de artesanato”, conta Hélio Vanderlei, que era secretário de Meio Ambiente de Paracambi quando elaborou o projeto.
O secretário José Luís adiantou que todas as propostas iniciais serão avaliadas e definidas após a elaboração do plano de manejo. Segundo o secretário, os recursos para as obras de infra-estrutura vão ser pleiteados também como medidas compensatórias. “Existem várias empresas que devem compensação ambiental ao governo do estado. Esses valores poderão ser autorizados para a construção do parque”, justifica o secretário.
O Parque do Curió possui fauna diversificada típica da região da Mata Atlântica, que ocupa 40% da área de Paracambi. O plano de manejo, que está sendo elaborado pelo Instituto Terra, apontará quantas e quais das 52 espécies catalogadas na região existem no parque. Deste total, 15 são endêmicas – existem nesse ecossistema – e duas estão ameaçadas.
Hélio Vanderlei lembra que além do próprio curió, a jaguatirica também corre risco de desaparecer da região. “Faz parte de um corredor de floresta que vai de Tinguá até a Serra da Bocaina”, explica. O ex-secretário acredita, no entanto, que medidas compensatórias não serão suficientes para construir a sede e fazer a manutenção. “É preciso ter parceria com a iniciativa privada, como acontece com o Parque Nacional do Iguaçu. A administração não precisa ser necessariamente pública”, justifica.



Armadilhas são o principal perigo

O alçapão é o grande inimigo do curió de Paracambi. Os caçadores costumam entrar na mata levando outro curió para atrair. Segundo o secretário José Luís, eles são territorialistas, e se ouvem o canto de outro passarinho da espécie, buscam confronto para defender o território ocupado e caem no alçapão.
Predadores naturais, como as aves de rapina e cobras, também ameaçam os ninhos dos curiós. O ambientalista José Joseildo Pinto conta que assim que localiza um ninho, espalha alho amassado no pé da árvore para confundir o olfato das cobras.
“Os ninhos geralmente ficam nos galhos próximos do chão e são facilmente localizados pelas cobras, que sentem o cheiro do ovo ou do filhote. Com o alho espalhado no chão, esse cheiro não é percebido pela cobra, os filhotes têm uma chance a mais de sobreviver”, explica José Joseildo.
O ambientalista conta que os filhotes conseguem voar após 12 dias de nascidos. Por isso, a importância de manter os ninhos vigiados e protegidos, até que eles tenham condições de se defender. “Dos seis ninhos que localizei, consegui acompanhar o crescimento dos filhotes, e com certeza oito deles chegaram à idade adulta”, garante.
O coordenador de operações da Brigada Florestal, Silas Silva Neto, conta que a ação de caçadores está sendo coibida diariamente. A maior vítima, segundo ele, são os coleiros. “Apreendemos a ave sem anilha e documentos do Ibama e encaminhamos ao Centro de Triagem de Seropédica”, relata.

Texto: Helvio Lessa/O Dia
Foto: Divulgação

Nenhum comentário:

Postar um comentário