A área, avaliada em R$ 600 mil, é propriedade particular da Companhia São Pedro de Alcântara e fica nos fundos da antiga Fábrica Brasil Industrial, onde hoje funciona a Fábrica do Conhecimento, e deve ser aberta em 2011. O valor será pago por uma empresa que deve compensação ambiental ao estado e será doado à Prefeitura, para gerir e criar atrativos para visitação turística, além da preservação das espécies nativas.
O secretário de Meio Ambiente de Paracambi, José Luís Oliveira, informa que o próximo passo é aguardar a finalização do plano de manejo, que está sendo custeado por outra medida compensatória, para levantar o quantitativo de fauna e flora, o potencial turístico, e catalogar os atrativos naturais. “Temos previsão de arrecadar R$ 710 mil com o ICMS verde em 2010. Deste total, R$ 250 mil serão por conta da criação do Parque do Curió”, comenta o secretário.
A fama e o canto do curió de Paracambi é preservado por criadores legalizados na cidade. O passarinho é muito valioso, chega a custar o valor de um carro zero. “Alguns são negociados por mais de R$ 35 mil”, diz o secretário. Apesar de raro, o curió ainda se reproduz na natureza, onde ninhos com filhotes são preservados por ambientalistas amadores.
Projeto inicial prevê construção de trilha para cegos, ecomuseu e ciclovia. Estudo apontará como preservar espécies em extinção
A preservação ambiental vai caminhar lado a lado com a visitação de turistas. O Parque do Curió terá capacidade para receber até 3 mil visitantes por dia. O secretário de Meio Ambiente de Paracambi, José Luís Oliveira, informa que será aberto para o ecoturismo. A área possui atrativos naturais para a prática de esportes radicais, como rapel e tirolesa, caminhada por trilhas, arvorismo e banhos de cachoeira. O aumento de turistas vai gerar recursos e movimentar a economia da cidade, gerando aumento de emprego e arrecadação.
Segundo o diretor-presidente da ONG Onda Verde, Hélio Vanderlei, e autor do projeto do parque, em 2003, envolvendo as instalações eram bem ousadas. “A proposta era construir a sede, um ecomuseu, ciclovia e uma trilha sensorial para cegos, com animais feitos de argila e madeira pelo caminho com plaquinhas de identificação em Braille. Estavam previstos também restaurantes e lojas de artesanato”, conta Hélio Vanderlei, que era secretário de Meio Ambiente de Paracambi quando elaborou o projeto.
O secretário José Luís adiantou que todas as propostas iniciais serão avaliadas e definidas após a elaboração do plano de manejo. Segundo o secretário, os recursos para as obras de infra-estrutura vão ser pleiteados também como medidas compensatórias. “Existem várias empresas que devem compensação ambiental ao governo do estado. Esses valores poderão ser autorizados para a construção do parque”, justifica o secretário.
O Parque do Curió possui fauna diversificada típica da região da Mata Atlântica, que ocupa 40% da área de Paracambi. O plano de manejo, que está sendo elaborado pelo Instituto Terra, apontará quantas e quais das 52 espécies catalogadas na região existem no parque. Deste total, 15 são endêmicas – existem nesse ecossistema – e duas estão ameaçadas.
Hélio Vanderlei lembra que além do próprio curió, a jaguatirica também corre risco de desaparecer da região. “Faz parte de um corredor de floresta que vai de Tinguá até a Serra da Bocaina”, explica. O ex-secretário acredita, no entanto, que medidas compensatórias não serão suficientes para construir a sede e fazer a manutenção. “É preciso ter parceria com a iniciativa privada, como acontece com o Parque Nacional do Iguaçu. A administração não precisa ser necessariamente pública”, justifica.
Armadilhas são o principal perigo
O alçapão é o grande inimigo do curió de Paracambi. Os caçadores costumam entrar na mata levando outro curió para atrair. Segundo o secretário José Luís, eles são territorialistas, e se ouvem o canto de outro passarinho da espécie, buscam confronto para defender o território ocupado e caem no alçapão.
Predadores naturais, como as aves de rapina e cobras, também ameaçam os ninhos dos curiós. O ambientalista José Joseildo Pinto conta que assim que localiza um ninho, espalha alho amassado no pé da árvore para confundir o olfato das cobras.
“Os ninhos geralmente ficam nos galhos próximos do chão e são facilmente localizados pelas cobras, que sentem o cheiro do ovo ou do filhote. Com o alho espalhado no chão, esse cheiro não é percebido pela cobra, os filhotes têm uma chance a mais de sobreviver”, explica José Joseildo.
O ambientalista conta que os filhotes conseguem voar após 12 dias de nascidos. Por isso, a importância de manter os ninhos vigiados e protegidos, até que eles tenham condições de se defender. “Dos seis ninhos que localizei, consegui acompanhar o crescimento dos filhotes, e com certeza oito deles chegaram à idade adulta”, garante.
O coordenador de operações da Brigada Florestal, Silas Silva Neto, conta que a ação de caçadores está sendo coibida diariamente. A maior vítima, segundo ele, são os coleiros. “Apreendemos a ave sem anilha e documentos do Ibama e encaminhamos ao Centro de Triagem de Seropédica”, relata.
Texto: Helvio Lessa/O Dia
Foto: Divulgação
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