quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Árvore é cortada para dar lugar a propaganda sobre preservação ambiental e gera polêmica

SÃO PAULO — “Uma criança abraça uma árvore com o sorriso no rosto. No fundo verde, uma mensagem exalta a importância da preservação da natureza e lembra do Dia da Árvore”. O que seria um roteiro padrão para uma peça publicitária virou motivo de revolta e indignação em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo. Isso porque a empresa de outdoor Interdoor derrubou uma árvore centenária em um terreno na Vila Aurora para a instalação de outdoor. Por coincidência, a primeira peça de publicidade instalada no local foi uma propaganda de um plano de saúde exaltando o Dia da Árvore.



A polêmica começou em julho com a derrubada da árvore no terreno localizado na Avenida Alberto Andaló. No local, já havia dois outdoors instalados. E com o corte da árvore, outros três foram instalados. Em uma das propagandas, uma cooperativa de saúde incentivava a preservação das árvores como forma de melhorar a saúde. A história foi parar na internet e ganhou repercussão internacional.

— Fiquei sem palavras diante de tamanha ironia e falta de bom senso — reclamou Carina Crisi Cavalheiro sobre a derrubada da árvore.

Nesta quarta-feira, o GLOBO tentou contato com a empresa responsável pelo outdoor. O atendente da Interdoor, que se identificou como Wagner, disse que só os proprietários poderiam falar sobre o assunto. Ao “Bom Dia Brasil”, da TV Globo, a empresa teria informado que tinha autorização da prefeitura e Polícia Ambiental para cortar a árvore. Sobre a propaganda, a empresa disse que foi “uma infeliz coincidência” já que não sabia o que iria ser anunciado.

Em nota, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), ligada à Secretaria do Meio Ambiente do governo paulista, informou que não há nenhuma autorização em nome da Interdoor para o corte de árvore. Segundo o órgão, em nome dessa empresa, há uma autuação da Polícia Militar Ambiental, por corte de árvore, porém a Cetesb não confirma se é o mesmo endereço.

De acordo com a legislação municipal, a multa, segundo a Polícia Ambiental, varia entre R$ 100 a R$ 1.000 por árvore ou planta. Já a multa da prefeitura por erradicar árvores sem autorização é de R$ 247, 55.

Não é a primeira vez que a população de São José do Rio Preto se revolta com a derrubada de uma árvore. Há cinco meses, um grupo de moradores tentou impedir que um guapuruvu de mais de 80 anos e 30 metros de altura para dar lugar a construção de dois prédios. A mobilização levou o caso à justiça.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

10 fatos e estatísticas das Eleições 2014







Conforme o esperado para uma campanha tão turbulenta, as manifestações de vitória, derrota, vingança, inconformismo e até mesmo de luto estão movimentando as redes sociais. Mas será que todos os dados que circulam no Facebook são verdadeiros? Confira agora 10 fatos comprovados das Eleiçoes 2014 para justificar sua opinião ou rebater os comentários dos seus amigos:
1. Maior vitória de Dilma: o estado que mais votou em Dilma Rousseff foi o Maranhão, com 78,76% da preferência dos eleitores. Considerando o número total de votos válidos, a maior vitória absoluta da petista foi na Bahia, com 2.907.306 indicações a mais do que Aécio;
2. Maior vitória de Aécio: o candidato do PSDB obteve seu maior destaque em Santa Catarina, com 64,59% dos votos válidos. A maior diferença em número absolutos, porém, foi em São Paulo, onde Aécio fez 6.807.906 votos a mais do que Dilma;
3. Nordeste, Sul e Centro-Oeste: os nove estados da região Nordeste registraram a maior parte dos votos em Dilma, enquanto os três estados da região Sul e os três do Centro-Oeste mais o Distrito Federal votaram em Aécio;
4. Norte e Sudeste divididos: no Norte, três estados preferiram Aécio e quatro optaram por Dilma. O Sudeste ficou no meio a meio, com dois estados para cada candidato;
5. Quantas pessoas foram às urnas? O Brasil tem 142.822.046 de eleitores. Desse total, 112.683.879 se apresentaram para votar no 2º turno, o que significa que tivemos 78,90% de presença e 21,10% de abstenção (mais de 30 milhões de eleitores faltaram ao pleito);
6. Norte e Nordeste elegeram a Dilma? Nas regiões Norte e Nordeste, 38.198.859 de eleitores compareceram às urnas, enquanto 74.276.085 votaram nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Mesmo que todos os eleitores do NO e NE tivessem votado em Dilma, ela estaria longe de se reeleger sem os votos das demais regiões – diferente do que algumas pessoas disseram nas redes sociais;
7. Votos brancos e nulos: os votos brancos somaram 1,71% do total, enquanto os nulos foram 4,63%. Dessa maneira, os votos válidos representam 93,66% do eleitorado que efetivamente foi até as urnas;
8. Por que o Acre demorou tanto? O Acre foi o último estado a entregar seus resultados por causa da diferença de fuso horário, que o deixa três horas atrás de Brasília (atualmente em horário de verão). Apesar de as piadas na internet falarem apenas sobre o Acre, ele não foi o único a “demorar”: algumas localidades do Amazonas seguem o mesmo fuso que esse estado;
9. Ninguém gosta de ser mesário? Mentira! A quantidade de mesários voluntários foi maior do que a de mesários convocados: 1.362.045 contra 1.070.943;
10. Quem levou a melhor nas eleições para governador? Apesar de a disputa presidencial ter se polarizado entre PT e PSDB, o partido de maior sucesso nas disputas estaduais foi o PMDB, que somou 7 representantes. Confira quantosgovernadores foram eleitos de cada partido:

terça-feira, 21 de outubro de 2014

ONG aponta nova alta do desmate na Amazônia

Corte raso em agosto e setembro subiu 191% em 2014 em relação a 2013
Números são de monitoramento do Imazon; governo adiou divulgação de dados do desmatamento
MARCELO LEITEDE SÃO PAULO



Agora se entende por que o governo Dilma Rousseff adiou para novembro a divulgação dos dados parciais de desmatamento da Amazônia em agosto e setembro: as taxas estão subindo.
No confronto do mês passado com o mesmo período de 2013, o salto foi de 290%.
Um total de 402 km² de florestas sofreu corte raso em setembro, área equivalente a mais de um quarto do município de São Paulo. No mesmo mês do ano anterior, haviam sido 103 km².
A tendência de alta se sustenta também quando considerada a soma de agosto e setembro, os dois primeiros meses do "ano fiscal" do desmatamento. Comparando o bimestre de 2013 com o de 2014, o incremento foi de 191% (de 288 km² para 838 km²).
As informações partem da ONG de pesquisa Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), de Belém. Ela opera um sistema de alerta de desmatamento e degradação, o SAD, similar ao Deter, mantido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) para o Ministério do Meio Ambiente.
"O aumento de 191% indica que vai ser difícil reduzir o desmate neste ano. Para reverter a tendência serão necessárias medidas de maior alcance e impacto, indo além da fiscalização", diz Adalberto Veríssimo, do Imazon
DADOS OCULTOS
As informações do Deter são divulgadas mensalmente, mas o governo federal decidiu nesta semana publicá-las só em novembro. A alegação é que os valores serão anunciados já com base em imagens de satélite quatro vezes mais precisas, com o programa chamado Novo Deter.
Nenhum dos dois sistemas é inteiramente confiável. Não foram desenvolvidos para calcular a área de desmate, mas para lançar alertas que orientam a fiscalização por agentes do Ibama.
A fim de cumprir esse objetivo, usam satélites que registram imagens em períodos mais curtos. Até aqui, o Deter só detectava polígonos desmatados com área mínima de 25 hectares (250 mil m²). O Novo Deter trabalhará com acuidade de 6 hectares.
Essa é a resolução obtida por outro sistema do Inpe, o Prodes, que fornece as taxas anuais oficiais de desmatamento na Amazônia. Dele proveio a informação de que entre agosto de 2012 e julho de 2013 se devastaram 5.891 km², 29% a mais que no período anterior de 12 meses. Essa taxa de desmatamento, no entanto, é a segunda menor já registrada na Amazônia.
Além disso, sempre houve discrepâncias entre as cifras apuradas pelo Deter e pelo SAD. O governo costuma silenciar sobre os alertas do Imazon, mas agora o faz ao mesmo tempo em que posterga os relatórios do Deter.
Cinco fatores, contudo, contribuem para reforçar a hipótese de que o Imazon tenha detectado uma tendência robusta de alta. O primeiro está no próprio aumento de 29% verificado em 2013/12.
O segundo é a recente intensificação, pelo Ibama e outros órgãos federais, do combate ao desmate ilegal. Ela teve como clímax a Operação Castanheira, no final de agosto, na região de Novo Progresso (PA), para desmantelar uma quadrilha de grileiros.
A baixa presença de nuvens no período analisado pelo SAD (apenas 7% da área da Amazônia Legal ficou sem monitoramento) constitui o terceiro fator. Menos áreas de sombra melhoram a acuidade do levantamento.
O quarto elemento é o aumento de outra variável computada pelo Imazon, a degradação florestal (por extração de madeira e queimadas). Foram detectados 711 km² em agosto e setembro, salto de 558% diante dos 108 km² do mesmo bimestre em 2013.
Por fim, o próprio governo indica que vêm crescendo as derrubadas abaixo do limiar de detecção do Deter. Como o Novo Deter enxergará desmates menores, de até 6 ha, seus resultados poderão ser maiores que os do SAD --e piores para Dilma.
Fonte: Folha de São Paulo