sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Saiu no jornal

Confira matéria publicada no “Segundo Caderno” do jornal “O Globo” em 14 de fevereiro de 2010.
‘Lixo extraordinário’ de Vik Muniz em Berlim
Filme mostra projeto do artista no Jardim Gramacho
De longe, qualquer imagem pode parecer incrivelmente bonita. Mas e de perto? O artista plático brasileiro Vik Muniz, conhecido por utilizar materiais pouco usuais em suas obras, inclusive lixo, resolveu deixar o conforto do estúdio para se aproximar do cotidiano de catadores de lixo num aterro sanitário do Rio de Janeiro. A expeiência deu origem ao ocumentário “Lixo extraordinário”, dirigido pela inglesa Lucy Walker e codirigido pelos brasileiros João Jardim (“Janela da alma”) e Karen Harley (montadora de “Baixio das bestas” e “Cinema, aspirinas e urubus”, entre outros). O filme estreou no Festival de Sundance, nos Estados Unidos, em janeiro, conquistando o prêmio World Cinema Audience, dado pelo público. Agora, o documentário chega à Europa, com sua inclusão na mostra Panorama do Festival de Berlim, onde foi exibido no último dia 14.
Vik Muniz: artista retratou os catadores do aterro sanitário em Jardim Gramacho
Catadores ficaram com lucro das fotos

O projeto de “Lixo extraordinário” começou pelo interesse de Lucy e dos produtores Angus Aynsley e Peter Martin no projeto de Vik. A diretora, porém, explica que não queria fazer um documento “padrão”, mostrando linearmente cada faceta da obra do artista.
“Eu queria fazer um filme para cinema, com bons personagens, dramatização, tudo isso. O desafio era buscar um ponto de vista que fugisse do óbvio”, diz ela, que há três anos recebeu o prêmio e público no festival alemão pelo documentário “Blindsight”, sobvre adolescentes tibetanos cegos que escalaram o Monte Everest.
Foi pela conversa com os produtores do filme que nasceu a ideia da série de retratos “Pictures of garbage”, de autoria de Vik. Ela viajou para o Rio e visitou o Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina em volume de lixo, acompanhado por uma equipe de cinema. O projeto consistiu em fotografar os catadores em seu ambiente para, depois, reproduzir as imagens em estúdio, usando material recolhido do lixo. A série foi leiloada, e o dinheiro, mais de R$ 250 mil, doado aos catadores.
Numa das cenas mais tocantes do documentário, Tião Santos, presidente da Associação de Catadores do Aterro Metropolitano de Jardim Gramacho, diz para Vik que ainda vai progredir a ponto de comprar o quando com seu retrato de volta.
“Não sei dizer se o filme me transformou de alguma forma. Acho difícil afirmar que filmes transformam cineastas. Mas a coragem e a dignidade daquelas pessoas são uma inspiração para mim”, afirma Lucy. “O próprio Vik dizia que ele poderia estar na situação deles, por causa da infância difícil que viveu”, completa.
Mais do que um protagonista, Vik é uma espécie de apresentador de “Lixo extraordinário”. Ele vai conduzindo as conversas com os personagens com humor e afeto, enquanto prepara sua arte. “É horrível como algumas pessoas no Brasil realmente acreditam que são melhores do que as outras”, diz ele, numa cena do filme.
Para as filmagens no Brasil, foi firmada uma parceria com a produtora O2, o que levou Hank Levine a também assinar a produção, e Fernando Meirelles, a produção executiva do documentário. Lucy precisou se ausentar das filmagens ainda no início, e foi então que João Jardim e Karen Harley foram chamados para integrar a equipe. O corte final, porém, foi da cineasta inglesa.
“Quando olhamos para a vida deles, e, depois, para a nossa, aprendemos uma lição. O que mais me impressionou neste trabalho foi a força de vontade e a persistência que os catadores precisam ter para estar direto no sol e na chuva em Gramacho, no meio de toneladas de lixo. Eu me perguntava: que país é este, o nosso, que coloca no lixo esta gente tão forte e perseverante?" diz João Jardim.
“Lixo extraordinário” começa e termina num mesmo cenário, o “Programa do Jô”, da Rede Globo, o qual a revista americana “Variety” chamou de “talkshow egocêntrico” em sua crítica do filme, publicada há duas semanas, após a exibição em Sundance. Primeiro Vik Muniz e, depois, Tião Santos, são entrevistados. Tião definiu bem, e ao vivo, o que o trabalho de Vik provocou. “Posso fazer uma correção, Jô? A gente não é catador de lixo, é catador de material reciclável. Lixo é aquilo que não tem reaproveitamento. Material reciclável, sim”, diz ele.
Esse ganho de autoestima só tende a crescer caso uma das metas dos produtores de “Lixo extraordinário” seja alcançada: exibir o filme num telão armado em pleno Jardim Gramacho.

Texto: André Miranda/O Globo/Berlim
Foto: Mônica Imbuzeiro/30-11-2009

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Reserva Biológica do Tinguá


Debruçada sobre os municípios de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Miguel Pereira e Petrópolis, a Reserva Biológica do Tinguá possui uma área de proteção Integral de 26 mil hectares de extensão. Esse importante bioma de Mata Atlântica foi estabelecido pelo Decreto Federal 97.780, de 23 de maio de 1989.
Seus mananciais abastecem parte do Rio de Janeiro e quase 80% da Baixada Fluminense. Apresenta uma fauna bastante diversificada, com 296 espécies de aves, o menor anfíbio do mundo, o sapo pulga (foto abaixo), com cerca de 1 cm de comprimento, grandes mamíferos, como a onça-parda e outras espécies ameaçadas de extinção.


Sua flora abriga jequitibás, sapucaias, guapuruvus, jatobás, e quaresmeiras são encontradas, bem como orquídeas em grande abundância. O conjunto é responsável também pelo volume de chuvas que irrigam as terras da Baixada Fluminense.

Fonte: PMDC

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Fabricação de PC representa risco ambiental, diz ONU

Uma pesquisa realizada por um grupo ligado à ONU defende o aumento dos esforços para evitar os danos ambientais causados por computadores e seus acessórios

Pesquisadores recomendam upgrades e venda de micros usados

Para a fabricação de cada microcomputador, são necessários dez vezes o seu peso em produtos químicos e combustíveis fósseis, afirma o estudo preparado pela Universidade da ONU.

A curta vida útil dos equipamentos de informática resulta em montanhas de resíduos.

Esses resíduos são reciclados ou despejados em grandes depósitos de lixo nos países em desenvolvimento, trazendo risco à saúde das populações que vivem nas proximidades, segundo a pesquisa.

Upgrades

Os autores argumentam que fabricantes e usuários de computadores deveriam receber incentivos para fazer upgrades ou reutilizar o hardware em vez de jogá-lo fora.

À medida que os computadores ficam menores e mais eficientes no consumo de energia, a tendência natural seria que o seu impacto ambiental diminuísse com o tempo. Na prática, o contrário vem acontecendo, afirma a pequisa.

Na fabricação de um PC com monitor de vídeo de 24 kg, são necessários 240 kg de combustíveis fósseis para prover energia e 22 kg de produtos químicos.

Enquanto os micros precisam de mais de dez vezes o seu peso em materiais, carros ou geladeiras, por exemplo, consomem apenas de uma a duas vezes o seu peso em químicos e combustíveis quando fabricados.

Mais de 130 milhões de computadores são produzidos no mundo anualmente, o que poderia representar um grande impacto ambiental.

Os riscos à saúde das pessoas ocorrem tanto no processo de fabricação – em que são usados químicos e metais pesados tóxicos – quanto no momento em que são despejados no lixo.

Câncer

Pouco se pesquisou até agora sobre esses impactos na prática. Tramitam na Justiça atualmente vários processos de trabalhadores da indústria de semicondutores que dizem terem adquirido câncer ou tido filhos com defeitos ao nascer por causa do trabalho.

Hans Van Ginkel, reitor da Universidade da ONU em Tóquio, afirmou que "o estudo mostra claramente que a nossa atual compreensão sobre os impactos da indústria de semicondutores à saúde e ao ambiente é inadequada".

O estudo elogia nova legislação que está sendo adotada pela União Europeia neste ano obrigando a indústria de eletrônicos a assumir a responsabilidade pela coleta segura de equipamento ultrapassado.

Um dos editores do estudo, Eric William, declarou que as pessoas podem fazer a sua parte para evitar os danos ambientais causados pelos micros.

"Cada usuário de computador tem um papel a cumprir", disse ele.

"Os usuários devem pensar com cuidado se realmente precisam comprar um novo micro; devem avaliar se um upgrade da máquina que já possuem não atenderia os mesmos objetivos. Vender as máquinas velhas rapidamente no mercado de usados também é importante."

Fonte: BBC Brasil, 08/03/2004
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/03/040308_computersms.shtml

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Alumínio: infinitamente reciclável

A reciclagem de alumínio é feita tanto a partir de sobras do próprio processo de produção, como de sucata gerada por produtos com vida útil esgotada



A reciclabilidade é um dos atributos mais importantes do alumínio. Qualquer produto de alumínio pode ser produzido infinitas vezes, sem perder suas qualidades no processo de reaproveitamento, ao contrário de outros materiais. O exemplo mais comum é o da lata para bebidas, cuja sucata transforma-se novamente em lata após a coleta e refusão, sem que haja limites para seu retorno ao ciclo de produção.
A reciclagem de alumínio é feita tanto a partir de sobras do próprio processo de produção, como de sucata gerada por produtos com vida útil esgotada. De fato, a reciclagem tornou-se uma característica intrínseca da produção de alumínio, pois as empresas sempre tiveram a preocupação de reaproveitar retalhos de chapas, perfis e laminados. Em qualquer caso representa uma grande economia de energia e matéria-prima, refletindo-se em aumento da produtividade e redução da sucata industrial.

Multiplicador na cadeia econômica

O índice de reciclagem de latas de alumínio no Brasil atingiu a marca de 78% em 2000, o segundo maior do mundo, superado apenas pelo Japão, determinado a expansão de um setor quase sempre marginalizado na economia, mas que movimenta volumes e valores respeitáveis: o da coleta e comercialização de sucata.
Essa atividade assume um papel multiplicador na cadeia econômica, que reúne desde as empresas produtoras de alumínio e seus parceiros, até recicladores, sucateiros e fornecedores de insumos e equipamentos para a indústria de reciclagem.
Não é para menos que o mercado brasileiro de sucata de lata de alumínio movimenta hoje mais de US$ 100 milhões anuais.

Benefícios da reciclagem de alumínio
Econômicos e sociais
  • Assegura renda em áreas carentes, constituindo fonte permanente de ocupação e remuneração para mão-de-obra não qualificada;
  • injeta recursos nas economias locais através da criação de empregos, recolhimentos de impostos e desenvolvimento do mercado;
  • estimula outros negócios, por gerar novas ativodades produtivas (máquinas e equipamentos especiais).
Ambientais
  • Favorece o desenvolvimento da consciência ambiental, promovendo um comportamento responsável em relação ao meio ambiente, por parte das empresas e dos cidadãos;
  • incentiva a reciclegem de outros materiais, multiplicando ações em virtude do interesse que desperta por seu maior valor agregado;
  • reduz o volume de lixo gerado, contribuindo para a solução da questão do tratamento de resíduos resultantes do consumo.
Fonte: Associação Brasileira do Alumínio (texto adaptado)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Dicas para economizar energia elétrica

Quase 87% da energia produzida no Brasil vêm das hidrelétricas, fontes limpas, mas limitadas

1 Abrir a geladeira e ficar pensando no que vai pegar para comer com a porta aberta desperdiça energia.


2 Já estão disponíveis carregadores movidos a energia solar para aparelhos eletrônicos portáteis. Eles são um pouco mais caros, mas garantem energia limpa e gratuita a celulares, MP3, MP4 e máquinas fotográficas digitais por anos e anos.

3 Muita gente usa o forno micro-ondas como relógio de cozinha, porque deixa o aparelho ligado dia e noite, mesmo sem uso. Esse pequeno descuido também contribui significativamente para o aumento do consumo de eletricidade.

4 Quanto mais novidades a tecnologia acrescenta às geladeiras, mais elas consomem energia; por isso sempre é bom optar pelas mais simples. Sem contar que os modelos cheios de “frescuras”, como água na porta e degelo automático, também são mais caros.




5 Nas horas prazerosas de leitura noturna, adotar um abajur cai muito bem. Além de criar um ambiente aconchegante e sossegado, o abajur evita que uma lâmpada mais potente fique acesa.

6 Parece incrível, mas limpar periodicamente todas as lâmpadas da casa pode ajudar a economizar energia.

Fonte: Manual de Etiqueta 2.0/Planeta Sustentável/Editora Abril

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

São Bento

Museu Vivo de São Bento


São Bento, o bairro que virou museu vivo. O primeiro museu de percurso da Baixada Fluminense exibe o passado e o presente da região. Ambos se fundem em uma história rica que se renova a cada dia. O espaço abriga a fazenda e a capela São Bento, sítio arqueológico que guarda a presença do homem pré-cabralino (grupo de indígenas brasileiros) aos vestígios da presença humana no tempo presente, como sambaquis, tupinambás, ocupação lusitana, resistência quilombola e novas ocupações.
É tamanho o seu valor histórico, que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já reconheceu toda a área como patrimônio material de Duque de Caxias e do Estado do Rio de Janeiro. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) pode também referendar a importância histórica e cultura do Museu Vivo do São Bento ao classificá-lo como quarto do mundo nesse segmento, uma vez que há um processo de reconhecimento junto à organização.
Na antiga Escola Municipal Nísia Vilela Fernandes - Rua Benjamin da Rocha Junior s/nº - funcionará a sede do Centro de Memória e Identidade, o Centro de Referência e o Arquivo Público de Duque de Caxias, tudo coordenado pela Secretaria Municipal de Educação. O centro realizará exposições de artistas plásticos, oficinas artísticas, artesanato, contação de histórias, exibição de vídeos que retratam a Baixada Fluminense, show musical e coral.
O Museu Vivo do São Bento reafirma o compromisso do governo de legitimar o esforço de inúmeros profissionais da área de cultura, apresentar o espaço à comunidade, além de valorizar o patrimônio material e imaterial de um bairro histórico e seu complexo arquitetônico.

Casa Grande e Capela da Fazenda São Bento



A Fazenda São Bento, também conhecida como Iguaçu, surgiu em decorrência de doação feita pela viúva do ouvidor-mor Cristóvão Monteiro, em 1591. Ela é a mais antiga e importante fazenda localizada no município. A fazenda deu início ao processo de colonização do Vale do Rio Iguaçu.
Os monges beneditinos construíram uma capela dedicada ao culto de Nossa Senhora das Candeias. No século XVIII, as terras mudaram de dono. Elas passaram para as mãos da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos.
A casa grande foi edificada anexa à capela, entre 1754 e 1757, constituindo um convento para abrigar padres em descanso ou afastados do sacerdócio. Era também sede da grande fazenda de São Bento, cuja atividade econômica baseava-se na produção de farinha de mandioca e na fabricação de tijolos. O terreno foi desapropriado em 1921 para sediar uma colônia agrícola.
Em 1993, a capela desabou e hoje, em ruínas, funciona precariamente em parte do casarão do Patronato São Bento. A casa grande e a capela da antiga Fazenda de São Bento abrange uma área de aproximadamente 100 metros de edificações.

APA São Bento


A Área de Proteção Ambiental (APA) de São Bento, a primeira instituída em toda a Baixada Fluminense, com uma área de 1.033,42 hectares, foi criada pelo Decreto 3.020, de 5 de junho de 1997, e está localizada no 2º distrito, São Bento.
Ela é delimitada por dois rios: Sarapuí e Iguaçu. A área de proteção segue da Avenida Presidente Kennedy até a Baía de Guanabara, passando pelo manguezal, cortada pela estrada de ferro e a rodovia Washington Luiz.
Ela tem uma área alagada com a função de absorver as enchentes e transbordamento dos rios Iguaçu e Sarapuí, com terras mais altas que abrigam a vegetação remanescente de flora e fauna da mata atlântica e uma área rica em sítios arqueológicos.
Fonte: PMDC

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Dicas para economizar água

Quase 20% da população do planeta (mais de 1 bilhão de pessoas) não tem acesso à água potável

1 Vasos sanitários com caixa acoplados utilizam 6 litros de água por descarga, em vez dos mais de 20 litros das válvulas de parede convencionais. Modelos mais modernos trazem ainda um duplo botão para 3 e 6 litros, que podem ser acionados de acordo com a necessidade.
2
Aquela água que sai da máquina depois da lavagem de roupas pode ser reaproveitada para lavar a área de serviço.
3
Você sabia que molhar jardins e plantas pela manhã ou ao entardecer evita perda de água pela evaporação? E que nos dias mais frios pode-se aguá-las dia sim, dia não, sem deixar que elas morram de sede?
4
Identificar vazamentos em casa não é tarefa difícil. Fechando as torneiras e interrompendo o consumo é possível observar se os indicadores do hidrômetro continuam girando. Se estiverem, você está desperdiçando dinheiro e água.
5
Uma boa saída para economizar água é fazer uso de aeradores, aquelas peneirinhas instaladas nas torneiras e até no chuveiro. Eles introduzem ar, o que proporciona uma sensação de maior vazão e um fluxo mais intenso, mais diminui o consumo de água.

6 Assim como escovar os dentes ou fazer a barba com a torneira aberta, ensaboar a louça com água limpa escorrendo na pia é puro desperdício.
7
Instalando medidores individuais de água é possível incentivar a redução do consumo. Investir na construção de cisternas facilita a captação e o aproveitamento da água das chuvas.


Fonte: Manual de Etiqueta 2.0/Planeta Sustentável/Editora Abril

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Saiu no jornal

Leia matéria publicada em 31 de janeiro de 2010 no jornal "O Globo".

Não adianta mais chorar sobre o óleo derramado
Justiça absolve todos os réus do crime ambiental da Baía



Sem peixe na rede, pescador da Praia de Mauá, em Magé, trabalha no Projeto Baía Limpa, apoiado pela Petrobras: dez anos após vazamento na Baía, empresa estimula população a recolher lixo flutuante (Foto: Custódio Coimbra/O Globo)



Dez anos depois do vazamento de 1,3 milhão de litros de óleo de um duto da Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, na Baía de Guanabara, a tragédia só permaneceu viva nas redes de pescadores, sujas pelas borras do produto viscoso e quase sem peixe. Nos autos limpos da ação penal que julgava os responsáveis pela tragédia, os manguezais dizimados, as toneladas de peixes mortos e a unidade de conservação afetada foram condenados ao esquecimento. O juízo da 5ª Vara Federal Criminal de São João de Meriti absolveu os acusados pelo vazamento, alegando, entre outras coisas, falhas na denúncia feita pelos procuradores do Ministério Público Federal (MPF), considerada genérica pelo juízo.
A procuradoria, que contestou as acusações, não entrou com recurso contra a decisão por avaliar que os crimes, com penas máximas baixas, estariam prescritos no momento do julgamento em segunda instância. Assim, o processo criminal de uma das maiores tragédias ambientais da história do estado foi definitivamente arquivado sem punidos. O único a pagar alguma coisa foi o operador do duto da Petrobras, José Hermes do Valle Lima, que, no meio da ação, optou pela extinção da sua punibilidade, tirando do próprio bolso seis salários mínimos (a R$ 240 à época), através da suspensão condicional oferecida pela Justiça.

Crimes ambientais já prescreveram

A Petrobras não quis comentar a decisão. Em nota, a empresa informou que, desde o acidente, em 18 de janeiro de 2000, iniciou um abrangente programa de gestão ambiental. “Foram destinados cerca de R$ 4,2 bilhões – mais de 40% de suas aplicações – às instalações da Petrobras no estado, principalmente na melhoria da gestão ambiental”. A assessoria informou que a companhia mantém um centro de defesa ambiental na Baía que funciona 24 horas por dia.
Na sentença, assinada pelo juiz Márcio Solter, os outros dez réus foram divididos em grupos. A Petrobras e o presidente da empresa à época conseguiram a exclusão da ação por suposta inexistência de vínculo entre a conduta deles e o resultado lesivo ao meio ambiente. Quatro outros funcionários foram absolvidos por inépcia da petição inicial: o juiz revogou a aceitação da denúncia por considerar a descrição da participação desses réus muito genérica. No caso de outros três funcionários ligados à empresa, o juízo aceitou parcialmente as alegações do MPF, mas ao caracterizar os crimes como culposos – em que não há intenção de produzir o dano –, reduziu todas as penas para o intervalo entre dois e quatro anos, provocando a prescrição (que ocorre, neste caso, em oito anos). Um réu morreu durante a ação.
Solter critica, na sentença, a atuação dos procuradores. “(…) Ao oferecer denúncia genérica, sem a descrição, ainda que sucinta, dos fatos atribuídos a cada um dos onze réus, para além de ensejar a alegação de inépcia inicial, o MPF oportunizou a extração de dezenas de cartas precatórias, requeridas pelos denunciados para oitiva de testemunhas, o que delongou o processo penal e prejudicou a delimitação da verdadeira autoria dos ilícitos praticados (…)”.
Segundo a procuradora da República Ana Paula Ribeiro Guimarães, que atuou no processo por cerca de dois anos, o MPF de São João de Meriti enviou um ofício de 22 páginas para a Corregedoria da Justiça Federal listando as deficiências que ocorriam em todas as varas do município, inclusive a 5ª, onde estava a ação do óleo na Baía. Ela elaborou um relatório à Justiça Federal enumerando diversas deficiências nesse processo, depois de verificar que estava parado.
“A desorganização ficou clara para todos os procuradores, sendo completamente descabido querer atribuir a morosidade do processo à atuação do MPF” , disse ela.
Ana Paula informou ainda que, nas inspeções feitas pelo MPF na vara em questão, foram feitos vários pedidos para dar andamento às ações, em especial ao processo da Petrobras, “diante da magnitude dos danos causados”. O MPF rebateu a alegação do juiz de que a denúncia era inepta, lembrando que ela foi aceita em dois habeas corpus e um mandado de segurança sobre o caso no Tribunal Regional Federal da 2ª Região.


O pescador Flávio da Costa mostra sua rede e as mãos sujas de óleo
(Foto: Custódio Coimbra/O Globo)

Borras de óleo foram para o fundo

Para o procurador da República Renato Machado, que assumiu o processo na parte final, os responsáveis ficaram impunes devido a uma combinação de fatores que inclui ainda o excesso de procuradores e juízes cuidando do processo ao longo dos dez anos, penas máximas muito baixas para crimes ambientais e a exclusão da Petrobras da lista dos réus.
“Foram vários juízes e procuradores, que não ficam muito na procuradoria ou naquela vara. Alguns fazem o feijão com arroz, não mexem num processo de 40 volumes que está ali. Além disso, a lei ambiental é branda. A empresa que causa o derramamento de óleo dessa magnitude incorre no mesmo tipo penal da pessoa que lança esgoto da casa dela. E o Poder Judiciário precisa entender que a criminalização da pessoa jurídica foi criada por um motivo: há uma quase impossibilidade de se determinar, em crimes de pessoa jurídica, especialmente no caso de grandes corporações, a autoria pela pessoa física”, disse.
No meio de tantos argumentos, estão os pescadores da Baía. Na última sexta-feira, Flávio da Costa mostrou a rede suja de óleo depois da pescaria da véspera.
“Olha aqui o resultado da minha pesca”, disse, sujando o dedo com o óleo viscoso preso à rede.
O problema, dizem os pescadores, está no fundo da Baía, para onde teriam ido as borras de óleo depois de endurecidas por um produto químico, lançado na água à época do desastre. Com isso, espécies que viviam no fundo, como o camarão, praticamente desapareceram. O presidente da Federação dos Pescadores do Estado do Rio de Janeiro, José Maria Pugas, estima a perda no pescado.
“O óleo sedimentou no fundo e está até hoje lá. Não há estatísticas confiáveis, mas empiricamente, pelo que se vê nos cais, estima-se que a perda chegue a 40%. Há ainda um agravamento por outras intervenções recentes da Petrobras.
Diante da maré ruim para peixes, os pescadores se viram como podem. Uma das saídas é trabalhar no Projeto Baía Limpa, apoiado pela própria Petrobras, que estimula a população local a recolher o lixo flutuante, de fundo e de redes posicionadas em outras áreas da Baía. Hamilton Nego, ex-presidente da colônia de pesca da Praia de Mauá, em Magé, lamenta a falta de opção.
“Veja o que a Petrobras fez: acabou com o peixe e agora paga a gente para catar lixo”, reclama.
Apesar de atribuírem a queda no número de peixes ao óleo, os pescadores reconhecem que o Projeto Baía Limpa tem se tornado uma alternativa importante de renda. Cerca de 1,2 mil pescadores já foram empregados na coleta. Os resíduos seguem para a Usina Verde, na Ilha do Fundão, que produz energia a partir do lixo.
Enquanto catam lixo, os pescadores esperam ansiosamente pelo julgamento da ação de indenização em que 18 mil deles podem ganhar ajuda de custo por dez anos da Patrobras. O processo está no Superior Tribunal de Justiça. A empresa não questiona a reparação dos pescadores, mas sustenta que havia, à época do acidente, apenas 3.339 profissionais na região e que o período indenizatório deve ser de apenas 32 dias (tempo em que a pesca ficou oficialmente suspensa na Baía de Guanabara).

Vazamento afetou 40% da vida da Baía de Guanabara


A agonia do mergulhão: um símbolo (Foto: Domingos Peixoto/O Globo/19-01-2000)

Na madrugada de 18 de janeiro de 2000,um duto que liga a Refinaria Duque de Caxias (Reduc) ao Terminal da Ilha d’Água se rompeu, deixando vazar 1,3 milhão de litros de óleo na Baía de Guanabara. Duas semanas depois, especialistas estimaram que até 40% da vida na baía estavam em perigo. A maré negra, que se concentrou principalmente nos manguezais do fundo da região, pôs em risco a sobrevivência de tainhas, biguás, caranguejos, árvores de mangue e micro-organismos.
Foi a maior tragédia ambiental da Baía de Guanabara, embora em março de 1975, o petroleiro Tarik Ibn Ziyad, vindo do Iraque, tenha deixado vazar 20 mil toneladas de óleo na Baía. O derramamento de 2000, no entanto, teve enorme impacto sobre as atividades econômicas da região, ganhando repercussão internacional. O então presidente Fernando Henrique Cardoso fez pressão para que a Petrobras pagasse a multa recorde de R$ 51 milhões aplicada pelo Ibama.

Texto: Túlio Brandão/O Globo

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Prefeitura fiscaliza comércio ilegal em cachoeira de Xerém

O lixo acumulado da região foi retirado

Fiscais da Secretaria Municipal de Transportes e Serviços Públicos de Duque de Caxias, com apoio de agentes da Secretaria de Meio Ambiente, estiveram esta semana em diversos trechos de cachoeira do Rio do Registro, em Xerém, para coibir o comércio irregular e retirar o lixo acumulado no local. A região está localizada dentro da Reserva Biológica de Tinguá, cuja responsabilidade e fiscalização pertencem ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), mas os agentes municipais lá estiveram para cumprir uma intimação do Ministério Público Federal.

A primeira etapa da operação ocorreu na quarta-feira, 3 de fevereiro, para identificar o comércio ilegal e notificar aqueles que estivessem com barracas estabelecidas e que elas seriam desmontadas no dia seguinte, dando tempo para que pudessem retirar seu material. Foram identificadas cerca de 30 barracas – algumas delas utilizadas por seus donos como moradia. Todas as barracas foram destruídas e o entulho resultante retirado do local. A segunda etapa ocorreu nesta sexta-feira, 5 de fevereiro, quando uma equipe do Departamento de Limpeza Urbana, composta de 20 agentes, esteve no local retirando o lixo acumulado em diversos pontos da região.


Cerca de 30 barracas foram desmontadas
Os fiscais presentes na quarta-feira identificaram um problema que não foi relatado pelo inquérito do Ministério Público: o estreito acesso ao Rio do Registro, feito a partir do final da Rua João Aires, estava sendo utilizado como trilha por motociclistas, colocando em risco a vida dos banhistas que usam a passagem. Os fiscais então instalaram na quinta-feira uma barreira para impedir o acesso de motocicletas, mas ela foi arrancada depois que os agentes municipais deixaram o local. Fiscais florestais da Secretaria do Meio Ambiente permaneceram no acesso nesta sexta-feira para impedir o acesso de motos e uma nova barreira será instalada no local.


A barreira de motos instalada foi arrancada
Texto: Vinicius Marins/Assessoria de Comunicação PMDC
Fotos: Edmilson Muniz/Assessoria de Comunicação PMDC

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Parque Natural Municipal da Caixa d'Água


Distribuído em 17,03 hectares, o Parque Natural Municipal da Caixa d’Água foi criado pelo Decreto nº 5.486, de 18 de novembro de 2008, no bairro Jardim Primavera. A área é composta de Mata Atlântica em estágio avançado de recuperação, compreendendo espécies da fauna e flora específicas do bioma.
O nome do parque vem de uma construção erguida no topo, que seria uma caixa d’água arredondada, que abasteceria parte das residências da região. Da antiga construção, restou apenas um velho mirante que está sendo recuperado pela Prefeitura. Dali os visitantes desfrutam de uma ampla vista para vários pontos da cidade.
A preservação da área importa num mosaico de grande relevância ecológica e de rara beleza cênica, com vista para a Reserva Biológica do Tinguá, Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Baia de Guanabara, Parque Natural Municipal da Taquara e de grande parte do Município de Duque de Caxias, além da Baia da Guanabara e do Cristo Redentor.
Fonte: PMDC