sábado, 29 de setembro de 2012

Duque de Caxias ganha uma "fábrica de verde" e mudas serão usadas para combater a erosão e conter encostas


Maria Clara Gueiros, Anthony e o secretário Samuel Maia
Maria Clara Gueiros, Anthony e o secretário Samuel Maia 
Foto: Roberto Moreyra / Extra
Eletícia Quintão

Duque de Caxias ganhou uma fábrica diferente: a fábrica de floresta. Essa nova área verde, com 140 mil metros quadrados, fica no Parque Municipal da Caixa D’Água, no bairro Jardim Primavera, onde serão plantadas 35 mil mudas até o final de 2013.
A área será reflorestada pela Braskem, empresa produtora de resinas termoplásticas, em parceria com a Prefeitura de Duque de Caxias, o EXTRA e o Instituto Corredor Ecológico Costa dos Coqueiros, que iniciou o projeto em áreas degradadas do município de Camaçari, na Bahia.
— Estou emocionada. É uma iniciativa muito nobre, ainda mais numa área tão castigada — comentou a atriz Maria Clara Gueiros, madrinha do projeto.
As mudas produzidas serão utilizadas para combater a erosão do solo e, consequentemente, os desabamentos de encostas. Além disso, todo ano o projeto vai formar 540 guardas ambientais mirins.
Com as mãos na terra Anthony de Souza, de 12 anos, afirma:
— Estamos plantando o futuro das próximas gerações. Agora, já posso respirar aliviado.


segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Parque Natural Municipal da Caixa D’água será reflorestado



Os presentes conheceram o viveiro de mudas, parte do projeto Fábrica da Floresta
O Parque Natural Municipal da Caixa D’Água, em Jardim Primavera, Duque de Caxias, vai ser reflorestado com mudas nativas da Mata Atlântica. Para que isso aconteça, foi inaugurado sábado, 22 de setembro, o projeto “Fábrica de Floresta”, parceria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento, a indústria química Brasken e o Instituto Corredor Ecológico Costa dos Coqueiros. Até o final de 2012, serão produzidas 15 mil mudas e em 2013 mais 35 mil mudas para recuperação de toda área, além da estrutura da antiga caixa d’água, que ganhará biblioteca e anfiteatro.
Pela manhã, o secretário Samuel Maia e a diretora de Relações Institucionais da Braskem, Cinthia Vargas, com membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente, moradores e alunos do curso de guarda ambiental mirim inauguraram o viveiro que vai produzir mudas de várias espécies. Entre elas quaresmeira, ipês, ingás, pau-pombo e pau-brasil. As árvores ajudam também para evitar erosão do solo e deslizamentos de encostas. As mudas serão plantadas em regiões determinadas pela secretaria de Meio Ambiente, como as reservas municipais e para campanhas educativas.
Samuel Maia e Cinthia Vargas inauguram o parque
A data serviu também para inauguração oficial do Parque Natural Municipal da Caixa D’Água. O secretário Samuel Maia, a diretora da Brasken, Cinthia Vargas, entregaram a sede do parque que será administrada por um conselho gestor, formado pelo poder público e moradores. No alto do morro, onde existia uma caixa d’água desativada há década, o grupo plantou mudas de árvore em seu entorno e deram um abraço simbólico na construção. Entre os presentes, a atriz Maria Claudia Gueiros, que emocionada elogiou a iniciativa do órgão de buscar parcerias para o reflorestamento daquele importante região.
“Com a inauguração do Parque Natural da Caixa D’Água, estamos atendendo a população do segundo distrito que luta há mais de 20 anos para que esse sonho se tornasse realidade. O governo sempre foi sensível na preservação do meio ambiente e procura atender a demanda de todos. Esse sonho só foi possível com o apoio da Braken que é nossa parceira em outros programas no município”, disse Samuel Maia.
Maria Clara Gueiros posa com alguns dos Guardas Ambientais Mirins
“Esta é mais uma iniciativa da Brasken voltada para questões ambientais. Além disso, vai chamar a atenção das pessoas para o Morro da Caixa D’Água. A Braskem trouxe para Duque de Caxias um de seus mais reconhecidos programas ambientais, que já apresenta excelentes resultados na Bahia, onde foi implantado em 2009”, ressaltou Cinthia Vargas.
Entre os moradores presentes, Paulo Augusto, também conhecido por “Natureza”, do bairro São Judas Tadeu, parabenizou o secretário Samuel Maia e a diretora da Brasken. “Este projeto é muito importante para região. Com o reflorestamento e o reaproveitamento da estrutura da caixa d’água o local poderá ser aberto à visitação pública, atraindo moradores e visitantes de outras cidades. Foi a melhor coisa do mundo para nossa comunidade. Se não reflorestarmos o planeta viveremos como?”, perguntou Paulo Augusto que plantou mudas com estudantes.
Abraço simbólico em torno da construção de dá nome ao parque
Paulo Augusto entre Guardas Ambientais Mirins: projeto importante para a região


Texto: Paulo Gomes
Fotos: Paulo Martins

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Baixada comemora Dia da Árvore


Cerca de mil pessoas estarão participando sexta-feira, 21 de setembro, no Parque Gericinó, em Nilópolis, das comemorações do Dia da Árvore, em um evento que reúne três municípios da Baixada Fluminense. A parceria entre os municípios de Duque de Caxias, Nilópolis e São João de Meriti faz parte do projeto de reflorestamento do Parque, e conta com apoio da Caixa Econômica Federal e do Governo do Estado, através do Inea (Instituto Estadual do Ambiente) e da SEA (Secretaria de Estado de Ambiente). A programação será aberta às 9h.
A importância do reflorestamento do Parque Gericinó será destacada pelos secretários de Meio Ambiente dos municípios envolvidos - Renato Rabelo (Nilópolis), Samuel Maia (Duque de Caxias) e Zilto Bernardo (São João de Meriti) -, além de estudantes e moradores da cidade. Em seguida as três autoridades puxam a caminhada ecológica até o local para o plantio de mudas.
Da programação consta ainda a encenação da peça “Rei Leão Ecológico”, apresentação de aves de rapina e da dançarina Tahira, que se apresenta com uma jibóia.
“Esse evento reforça ainda mais nossa parceria que visa à preservação do meio ambiente nas três cidades. Juntos, com o estado elaboramos o Plano Regional de Resíduos da Construção Civil e criamos o Consórcio Público de gestão de Resíduos Sólidos para acabar com o grave problema do lixo. Os municípios da Baixada geram por dia 3.500 toneladas de resíduos, superior a produção de lixo orgânico na região. Duque de Caxias foi o primeiro município a autorizar sua participação no consórcio através de lei”, disse Samuel Maia. 
 



Texto: Paulo Gomes
Fotos: George Fant e Divulgação

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Guarda Mirim Ambiental inicia oitava turma na Taquara


  
Alunos da turma da manhã do curso na sede do Parque Natural Municipal da Taquara
A Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento de Duque de Caxias, iniciou nesta quarta-feira, 19 de setembro, a oitava turma do curso de Guarda Ambiental Mirim, promovido desde 2009 no Parque Municipal Natural da Taquara. São 240 alunos, entre estudantes da rede pública e moradores do terceiro distrito do município, que têm aulas de segunda a quinta-feira, uma turma pela manhã e outra a tarde. O secretário Samuel Maia participou da aula inaugural da parte da tarde, desejando boa sorte aos novos agentes ambientais.
Durante o curso, que tem duração de três meses, eles aprendem sobre educaçãoambiental, monitoramento de trilhas, primeiros-socorros, ciclo da água, produção de mudas da Mata Atlântica e escotismo, além de geografia e história da região onde estão localizados os parques da Taquara e de Equitativa. Os alunos também participam de passeios e assistem a vídeos educativos. O projeto tem parcerias com a empresa Brasken, o Sindicato das Empresas de Transportes (Setransduc) e a Secretaria Municipal de Educação.
Alunos acompanham monitor em caminhada no parque
O projeto Guarda Ambiental Mirim já beneficiou mais de 1.900 crianças, jovens de 7 a 14 anos que, com o aprendizado, tornam-se agentes multiplicadores em suas comunidades. Entre os futuros agentes, Rebeca Farias, de 11 anos, era uma das mais animadas. Para sua mãe Noélia Souza Farias, moradora do Parque Paulista, Rebeca vai aprender muito coisa boa. Segundo ela, a filha sempre gostou de natureza e de animais. “Tenho certeza que minha filha vai levar o curso a sério. Tudo que aprender ela levará para nossa comunidade”, disse Noélia, que também levou a aula inaugural o filho menor, João Henrique, de 4 anos. “Se puder, vou acompanhar as aulas para aprender também”, frisou a mãe coruja.
Dessa fase participam do projeto alunos das escolas municipais Henfil, Gama Borges, Almirante Tamandaré, Montese, Brasília, Ely Combat, Manoel Reis, Maria Anger, Marilândia, Albert Sabin, Mário Covas e Pedro Rodrigues.
Noélia com os filhos Rebeca e João Henrique
 


Texto: Paulo Gomes
Fotos: Marcio Leandro

sábado, 15 de setembro de 2012

Duque de Caxias ganha projeto de reflorestamento


Alunos de escolas municipais, estaduais e particulares vão fazer parte do projeto
Alunos de escolas municipais, estaduais e particulares vão fazer parte do projeto Foto: Fernanda Dias / Extra
Eletícia Quintão

No próximo dia 22, Duque de Caxias vai dar o pontapé inicial num projeto pioneiro no estado: "a fábrica de floresta". O plano prevê, inicialmente, a produção de 15 mil mudas para reflorestamento. A meta é chegar em 2013 com uma produção de 35 mil mudas, o equivalente a 14 hectares, ou 140 mil metros quadrados de área verde.
Essa nova área será plantada pela Braskem, empresa produtora de resinas termoplásticas, em parceria com a Prefeitura de Duque de Caxias, o EXTRA e o Instituto Corredor Ecológico Costa dos Coqueiros, que iniciou o projeto em áreas degradadas do município de Camaçari, na Bahia.
Um pelotão de alunos de escolas municipais, estaduais e particulares, também serão parceiros, atuando como guardas ambientais mirins.
— Vamos tirar as crianças da ociosidade e transformá-las em multiplicadores do verde — destacou o secretário de Meio Ambiente, Samuel Maia.
O local escolhido para a instalação da nova "fábrica" é a reserva ambiental do Parque Municipal da Caixa D’ Água, no bairro Jardim Primavera. Nos anos 40, o local serviu de abrigo para fugitivos da Segunda Guerra Mundial.
Paloma exibe orgulhosa a muda de ipê que vai plantar
Paloma exibe orgulhosa a muda de ipê que vai plantar Foto: Fernanda Dias / Extra
‘Fábrica’ pode chegar a outros municípios
Com a ajuda desse "pelotão do verde" de alunos, nada pode dar errado. Durante 51 dias, estudantes com idades entre 10 e 14 anos têm aulas de cidadania, legislação, plantas medicinais e aromáticas da Mata Atlântica, combate a incêndio, entre outras.
— Aqui aprendi que a natureza é viva e precisa de cuidados — afirma Paloma Lourenço, de 11 anos.
Maria Isabela Claudino e Lucas de Oliveira, ambos com 11 anos, estão praticando o reflorestamento na rua em que moram:
— Minha rua era sem graça, sem verde. Agora tem árvores crescendo em várias calçadas.
Os alunos aprendem a ser multiplicadores do verde
Os alunos aprendem a ser multiplicadores do verde Foto: Fernanda Dias / Extra
As mudas produzidas serão destinadas a plantios em áreas determinadas pela prefeitura. Se tudo der certo, a iniciativa poderá resolver os problemas de erosão do solo e, consequentemente, de desabamentos de encostas.
De acordo com o gerente de relações institucionais da Braskem no Rio, Flavio Chantre, o projeto será reavaliado no ano que vem e, se atingir o objetivo, a fábrica poderá chegar a outras cidades da região.
Crianças aprendem a ser multiplicadores do verde
            Crianças aprendem a ser multiplicadores do verde Foto:


Meio Ambiente lança projeto no Parque Equitativa


Entrada da Reserva Biológica do Parque Equitativa
A Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento de Duque de Caxias lança na segunda-feira, 17 de setembro, o projeto “Aprender para preservar”. A partir das 9h30, o secretário de Meio Ambiente, Samuel Maia, membros do Conselho Municipal de Meio Ambiente, estudantes e moradores da região vão plantar mudas de árvores da Mata Atlântica na reserva biológica do Parque Equitativa, no terceiro distrito.
O projeto, que tem parceria com a empresa Brasken e organizações não-governamentais, vai beneficiar 40 alunos de escolas públicas da região e 40 moradores da comunidade que participarão também de oficinas de artesanato com materiais recicláveis.
Guarda Mirim Ambiental
Na terça-feira, 18 de setembro, às 10h, no Parque Municipal da Taquara acontece a aula inaugura da segunda fase do projeto Guarda Ambiental Mirim que vai beneficiar 240 alunos de escolas públicas e privadas da região. As aulas serão ministradas três vezes por semana pela manhã e pela tarde.
Durante o curso eles têm aulas de educação ambiental, monitoramento de trilhas, primeiros-socorros, ciclo da água, produção de mudas da Mata Atlântica, escotismo, além de geografia e história da região do onde estão localizados os parques da Taquara e Equitativa Os alunos também participam de passeios e assistem a vídeos educativos.


Texto: Paulo Gomes
Fotos: Marcio Leandro

domingo, 9 de setembro de 2012

Duque de Caxias X Esquema Cachoeira/Delta Construções . Em quem o Duquecaxiense vota?

Revista Veja

O primeiro round

A CPI criada para investigar os negócios do contraventor Carlos Cachoeira tem um grande desafio: desvendar o segredo do sucesso da empreiteira Delta, que tem na raiz de sua impressionante trajetória amizades influentes e pagamentos a políticos em troca de obras em governos e estatais

Hugo Marques, Daniel Pereira e Rodrigo Rangel
SOCIEDADE - A investigação sobre um esquema ilegal de jogos comandado por Cachoeira (à esq.) revelaram que a Delta, do empresário Fernando Cavendish (à dir.), usa políticos e dinheiro sujo para expandir seus negócios
SOCIEDADE - A investigação sobre um esquema ilegal de jogos comandado por Cachoeira (à esq.) revelaram que a Delta, do empresário Fernando Cavendish (à dir.), usa políticos e dinheiro sujo para expandir seus negócios (Fotos Dida Sampaio/AE; Eduardo Knapp/Folhapress)
A Polícia Federal sustenta que recursos públicos oriundos da parceria entre a Delta e Cachoeira alimentaram um duto que serviu para irrigar o bolso de políticos e autoridades que os ajudavam na conquista de contratos
VEJA publicou em maio do ano passado uma reportagem exclusiva mostrando o que já parecia ser muito mais que uma simples coincidência: a empreiteira Delta fora alçada à condição de maior parceira do governo federal no mesmo ano em que contratou os serviços de consultoria do deputado cassado e ex-ministro José Dirceu. A Delta, mostrou a reportagem de VEJA, além de multiplicar sua carteira de obras, expandira sua atuação para setores nos quais não tinha experiência, como óleo e gás. Na ocasião, dois ex-sócios da empresa forneceram a primeira pista para desvendar essa impressionante história de sucesso. Segundo o depoimento deles, a empreiteira usava a influência que mantinha junto a políticos para obter vantagens. O próprio presidente da empresa, Fernando Cavendish, explicou como agia e qual era o preço a ser pago. Ele disse que com "6 milhões de reais comprava um senador". Sua explicação seguinte ficaria famosa: "Se eu botar 30 milhões de reais na mão de políticos, sou convidado para coisas pra c...". A conversa, gravada pelos ex-sócios, foi classificada como simples bravata por Cavendish. Não era. Ela era reveladora de um método.
A Delta vai aparecer como figura de proa na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), instalada na semana passada no Congresso Nacional, em Brasília, para investigar as relações do contraventor Carlos Cachoeira - preso por comandar um esquema ilegal de exploração de jogos - com políticos e empresas que têm contratos com a administração pública. A construtora figurará como a principal acusada no esquema baseado em pagar propina em troca de favores e contratos em governos. Segundo a Polícia Federal, a empreiteira usou os tentáculos de Cachoeira para corromper autoridades nos governos de Tocantins, Distrito Federal e Goiás. Cavendish e a Delta tiveram sua ação restrita a essas três unidades da Federação? Não. O esquema atuou também no âmbito federal, usando o mesmo método de subornar políticos e servidores públicos para obter contratos. A engrenagem funcionou ativamente dentro de ministérios no governo passado e engolfou até mesmo a Petrobras, a maior e a mais poderosa das estatais brasileiras. A Petrobras é o principal dínamo dos investimentos públicos do país, protagonismo acentuado com a descoberta das reservas de petróleo no pré-sal. No governo Lula, foi aparelhada politicamente por militantes do PT, que ganharam o controle de cargos de diretoria. O aparelhamento político de estatais, como sempre, termina em prejuí­zo para a empresa e os contribuintes.

PROPINA - Em maio do ano passado, reportagem de VEJA revelou que o ex-ministro José Dirceu foi contratado para prestar consultoria à Delta. Sócios da empreiteira, José Quintella e Romênio Machado revelaram a natureza do trabalho encomendado ao ex-ministro: abrir as portas do governo e de estatais
PROPINA - Em maio do ano passado, reportagem de VEJA revelou que o ex-ministro José Dirceu foi contratado para prestar consultoria à Delta. Sócios da empreiteira, José Quintella e Romênio Machado revelaram a natureza do trabalho encomendado ao ex-ministro: abrir as portas do governo e de estatais
No fim de 2008, a Petrobras convidou a Delta para duplicar o parque de expedição de diesel na Refinaria de Duque de Caxias (Reduc). Um convite inusitado, uma vez que a empreiteira era especializada em obras rodoviárias e construção civil. Para suprir a carência técnica e se habilitar, a Delta comprou a Sigma, empresa que já tinha diversas parcerias com a estatal. Depois dessa negociação, a empreiteira assinou um contrato com a Petrobras no valor de 130 milhões de reais. A aproximação entre a Delta e a Sigma foi feita pelo engenheiro Wagner Victer, auxiliar do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), que é compadre de Cavendish. O negócio parecia bom para todos os envolvidos. A Petrobras contratou a obra por um preço considerado baixo, a Delta se cacifou para atuar no bilionário ramo do petróleo e os donos da Sigma ficariam ainda mais ricos. Mas nem tudo correu como se esperava. Cavendish e seus sócios se desentenderam ao cabo de disputas financeiras. Dos ex-sócios inconformados partiu a revelação, certamente de alto interesse para a CPI instalada na semana passada, segundo a qual, para conseguir o contrato na Petrobras, a Delta teria pago propina. Sob a condição de anonimato, um deles contou a VEJA que a Sigma, além de servir como fachada técnica para as operações da Delta, funcionou como caixa para quitar faturas em que a própria Delta preferia não aparecer como devedora. Para ocultar o pagamento de propina, segundo o relato gravado do ex-sócio, que diz temer por sua segurança, a Sigma foi orientada a simular a contratação de serviços para justificar a saída da propina. Os diretores da Delta indicavam o valor e os funcionários da estatal a ser beneficiados. A fatura era então encaminhada a José Augusto Quintella e Romênio Marcelino Machado, ex-donos da Sigma que continuaram na empresa. Seguindo orientações de Cavendish, eles providenciavam notas frias para justificar os gastos com a propina. Essas notas eram assinadas por Quintella e Machado e por Flávio Oliveira, diretor da Delta. Só funcionários da área operacional da Petrobras, segundo o ex-sócio, receberam 5 milhões de reais. Um volume ainda maior teria sido pago a dirigentes da empresa. Desse mesmo caixa saíram os recursos para pagar os trabalhos de consultor prestados por José Dirceu.
Quintella e Machado não quiseram dar detalhes sobre o caso a VEJA. "Essa história será devidamente esclarecida no momento oportuno", disse Quintella, em nome dos antigos donos da Sigma. Os dois conhecem de perto a Delta. Foram eles que contaram a VEJA que Cavendish contratou, em 2009, o deputado cassado e ex-ministro José Dirceu como consultor com o objetivo de azeitar negócios junto à Petrobras, que era comandada por José Sergio Gabrielli, integrante da corrente política de Dirceu. Foi em uma reunião com Quintella e Machado que Fernando Cavendish fez seus notórios comentários sobre os preços e as vantagens de comprar autoridades. Na mesma conversa, gravada, Cavendish traçou o caminho até o cofre da Petrobras: "A Reduc foi convidada pelo jogo político da Delta. A gente foi convidado por uma articulação, um pedido que foi para cá, foi para lá...".

A Petrobras não quis se pronunciar sobre os fatos narrados por Cavendish e seus ex-sócios. A Delta diz que ganhou o contrato legalmente e não pagou propina. A CPI instalada na semana passada certamente terá meios de obter de Cavendish e da própria Petrobras informações mais consistentes sobre como o jogo político levava determinadas empresas a obter contratos na estatal no tempo em que Dirceu e Gabrielli reinavam. A Delta passou a existir como empreiteira de grande porte e alcançou o posto de maior fornecedora de serviços do estado brasileiro no governo Lula. Um "jogo político" que a CPI faria aos brasileiros o enorme benefício de elucidar. Não é pouca coisa. Segundo as investigações da Polícia Federal e do Ministério Público que levaram Carlos Cachoeira à prisão, o contraventor funcionava como captador de negócios e lobista destacado da Delta Construções. Cachoeira operava em sintonia com Cláudio Abreu, designado formalmente pela empreiteira como seu representante para a Região Centro-Oeste. Os dois cuidavam de obter contratos junto aos governos do Distrito Federal, Goiás e Tocantins. Abreu tinha também missões junto a órgãos do governo federal. Foi ao cumprir uma dessas missões que ele emplacou a Delta como a principal parceira do Ministério dos Transportes e do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit). Diretores da Delta passaram a visitar quase diariamente as dependências do ministério durante a gestão do senador Alfredo Nascimento, demitido no ano passado do cargo de ministro pela presidente Dilma Rousseff.
Na semana passada, Luiz Antonio Pagot, ex-diretor do Dnit demitido no bojo do episódio que levou à queda do ministro Alfredo Nascimento, se disse vítima de uma trama que teria sido tecida contra ele exatamente por ter oferecido obstáculos aos interesses da Delta no órgão. Estranha linha de defesa. Foi na gestão de Pagot que a Delta mais do que dobrou seu faturamento em contratos com o Dnit, alcançando 658 milhões de reais em 2010. É quase 90% de tudo o que a empreiteira faturou no governo federal. Que obstáculo, então, foi esse? Suposta vítima de uma conspiração, Pagot, lembre-se, foi quem reuniu empresários no Ministério dos Transportes para ouvir uma explanação do deputado Valdemar Costa Neto, do PR, réu no processo do mensalão. Entre os convidados por Pagot estavam empreiteiros e consultores. Costa Neto falou da importância para o PR de tirar do papel obras bilionárias de restauração de rodovias federais. Muitos dos participantes da reunião, inclusive concorrentes da Delta, ficaram sabendo mais tarde que, se fossem escolhidos para fazer as obras, deveriam entregar ao partido propinas de 4% a 5% do valor de cada fatura paga. A investigação jornalística tem de se contentar com as informações recebidas e checadas das fontes que participaram da reunião. A CPI tem força e os meios legais para passar a limpo essa história.
A Polícia Federal sustenta que recursos públicos oriundos da parceria entre a Delta e Carlinhos Cachoeira alimentaram um duto que serviu para irrigar o bolso de políticos e autoridades que os ajudavam na conquista de contratos. Entre 2010 e 2011, empresas-fantasma criadas por Cachoeira receberam da Delta nada menos que 40 milhões de reais. Ras­trean­do o caminho do dinheiro, os policiais e promotores descobriram que parte dele foi parar na contabilidade de empresas que no mesmo período fizeram repasses a políticos - doações eleitorais declaradas, inclusive. O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e o senador Demóstenes Torres (ex-DEM) estão entre os que receberam doações de campanha de empresas cujas contas foram irrigadas com recursos que Cachoeira recebia da Delta. Na semana passada, Cavendish foi assertivo em uma entrevista à Folha de S.Paulo. Ele disse que dá dinheiro a políticos para receber, em troca, informações sobre licitações. "Por que megaempresas fazem doações a campanhas? Vão ter informação. Não é toma lá dá cá." O método da Delta é conhecido. Para ganhar os contratos, a empresa joga o preço lá embaixo. O pulo do gato vem depois, quando a parceria já está em vigor. Em alguns casos, a empresa não executa os serviços certa de que não será incomodada pelos órgãos contratantes comandados por políticos de partidos aquinhoados com doações. Dessa forma, sobra dinheiro para abastecer os cofres da empresa e para remunerar os amigos no poder. Outra prática é inflar contratos com reajustes e aditivos. Conforme revelado por VEJA, a presidente Dilma Rousseff, antes de demitir a cúpula dos Transportes, deu um pito nos seus integrantes justamente em razão do excesso de aditivos contratuais: "Vocês precisam de babá".
O procurador Marinus Marsico, representante do Ministério Público no Tribunal de Contas da União, diz que os aditivos que inflam os contratos não têm outro nome: "É roubalheira mesmo". Incentivador da CPI do Cachoeira, o ex-presidente Lula sabe dos riscos embutidos na investigação de aliados. Na quarta-feira, ele perguntou a peemedebistas: "E o Serginho, como está?". Ele se referia a Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro. Cabral é padrinho de casamento de Cavendish. Conheceram-se em 2000 e se tornaram amigos inseparáveis. O fortalecimento dessa relação foi acompanhado pelo crescimento vertiginoso da Delta em contratos com a administração fluminense. Em dez anos, a empresa conseguiu 2,2 bilhões de reais com o estado do Rio. A maior parte - 1,4 bilhão - veio depois que Cabral assumiu o governo, em 2007. Em 2003, a Delta faturou 228 milhões de reais, entre clientes públicos e privados. Em 2010, 3,5 bilhões de reais, um crescimento de 1 400%. O ritmo das doações também aumentou. Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Delta doou, legalmente, meros 60 000 reais em 2002. Em 2010, doou 2,3 milhões - metade para o PT, metade para o PMDB.
Com reportagem de Alessandra Medina e Ana Luiza Daltro







sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Empresas que poluem rio em Duque de Caxias são interditadas


Samuel Maia, Carlos Minc e José Maurício Patroni fiscalizam a Nero 20
As empresas Nero 20 e Leusado, que trabalham com reciclagem de óleo, querosene e thinner, foram interditadas nesta quinta-feira, 6 de setembro, por crime ambiental em Duque de Caxias no bairro Pilar. Seus responsáveis foram detidos e encaminhados à Delegacia de Meio Ambiente por despejo irregular de produtos poluentes no Rio Calombé - que chega até a pegar fogo tal a quantidade de agentes inflamáveis em seu leito. A Transmar, no mesmo bairro, também foi penalizada por descartar óleo de forma contínua nas águas pluviais e recebeu notificação do Governo do Estado.
A megaoperação contou com 40 homens da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Duque de Caxias, do INEA, do Batalhão da Polícia Florestal, da Polícia Civil e da Coordenação Integrada de Combate aos Crimes aos Crimes Ambientais do Estado (CICCA). Os responsáveis pelas empresas terão até 60 dias para se adequar as normas ambientais, não podem funcionar durante este período e suas multas podem chegar até R$ 50 milhões. “Montamos uma força tarefa com a participação de vários órgãos com a finalidade de proteger o meio ambiente e as famílias desta região ribeirinha”, disse Samuel Maia, secretário Municipal de Meio Ambiente.
Samuel e José Maurício identifcam óleo derramado em afluente
Não foi difícil descobrir o motivo de o Rio Calombé pegar fogo duas vezes em menos de um mês. Localizada no começo da Avenida Leonel de Mouro Brizola, antiga Presidente Kennedy, a Nero 20 recebeu três multas: descarte ilegal de resíduos, poluição e trabalho em desacordo com a licença obtida. A empresa faz descarte de óleo e derivados de forma direta em um córrego, afluente do Rio Calombé, que deságua suas águas no Rio Iguaçu e chaga à Baia de Guanabara. O truque funcionava da seguinte maneira: o óleo ficava represado em três caixas coletoras e depois era diluído por solvente e despejado no córrego, atrás da empresa, em canos de cerca de 100 mm. O mesmo problema aconteceu com a Leusado, que funciona ao lado da Nero 20, e que recebeu duas multas. Avisos de interdição, o embargo cautelar, foram colados nos portões das empresas. Elas só poderão operar novamente quando cumprirem as exigências.
Para Samuel Maia, ficou caracterizado de forma cabal o crime ambiental. “Houve uma clara violação às leis ambientais e nossa ação busca que as empresas possamtrabalhar sem agredir a natureza. Queremos a adequação delas e que os moradores do seu entorno não sofram com a ação nociva das empresas, que prejudica toda a Baixada”, destacou Maia.
Samuel diante de umas das empresas interditadas: violação de direitos ambientais
Carlos Minc, secretário Estadual do Ambiente, disse que a forma como estas empresas agiam equivaliam a um ato de homicídio. “Essas empresas cometeram crime contra o meio ambiente e contra os moradores desta região. Os responsáveis podem pegar até 20 anos de cadeia. Elas não podem burlar a lei e ficarem impunes”, sentenciou o secretário Estadual.
Com o mato queimado em sua margem, o óleo das empresas era visível no leito do Rio Calombé, problema que tem afetado a saúde dos moradores, como o mecânico de moto Damião Gomes Vieira, 50 anos, há 35 vivendo no local. “Estou com problema respiratório devido aos produtos químicos jogados no rio”, denunciou o morador. O INEA vai exigir a recuperação do Calombé e que os moradores sejam indenizados pelas empresas.
De acordo com José Maurício Patroni, da CICCA, haverá novas operações. Segundo ele, no Pilar foram identificados um total de 12 pontos de poluição que serão investigados em operações conjuntas com os órgãos ambientais.
Samuel Maia e Carlos Minc observam caixa encrustada de óleo na Leusado
Damião Vieira: problemas respiratórios


Texto: Antonio Pfister
Fotos: Marcio Leandro

terça-feira, 4 de setembro de 2012

TOLERÂNCIA ZERO


Prefeitura e Estado vão identificar despejo de óleo em rio

Samuel Maia e o coordenador da CICCA José Maurício de Brito Padrone
Uma grande operação envolvendo órgãos municipais e estaduais, com apoio federal, será deflagrada para identificar, multar e fechar as empresas que estão poluindo com óleo o Rio Calombé, que corta os bairros Figueira e Pilar, no segundo distrito de Duque de Caxias. Em vários trechos a poluição é grande e no domingo, 2 de setembro, um incêndio no leito atingiu vários imóveis construídos à beira do rio. No mês passado, outro incêndio foi registrado, sendo necessária também a ação dos Bombeiros. A investigação está a cargo da CICCA – Coordenadoria Integrada de Combate a Crimes Ambientais – da Secretaria de Estado de Ambiente.
Na semana passada, técnicos da SEA e da Secretaria de Meio Ambiente do município, que vem cobrando a fiscalização nas empresas, percorreram o trecho do Rio Calombé entre os dois bairros, ouvindo os moradores que mostraram valas com muito óleo descartado que deságuam no rio. Tudo foi fotografado para abertura de processos por crimes ambientais. Um morador local entregou também um vídeo com imagens do incêndio registrado em agosto.
Equipe de fiscalização identificou valões com descate de óleo
“Além do risco de incêndios como os que vêm ocorrendo com freqüência, a poluição do ar também é um agravante. Os moradores disseram que sofrem com falta de ar a alergias. Com a estiagem registrada e a falta de chuva o risco de um grande incêndio não está descartado. Como o licenciamento de empresas transportadoras de combustível é competência do Estado, estamos colaborando nas investigações e na identificação das poluidoras”, disse o secretário de Meio Ambiente, Samuel Maia, preocupado também com as tubulações da Petrobras que cortam a região.
O secretário disse ainda que vai solicitar à Secretaria Municipal de Habitação o cadastramento das famílias que moram às margens do Rio Calombé e inscrevê-las no programa Minha Casa, Minha Vida, do Governo Federal.
Nesta terça-feira, agentes da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente fotografaram o local e conversaram com moradores. Márcia Babosa informou ao agente Nelson Serrano que perdeu eletrodomésticos e que a paredes do imóvel racharam. O incêndio, segundo ela, foi provocado por um vizinho que costuma queimar pneus velhos na margem do rio.
Um incêndio no leito atingiu vários imóveis construídos à beira do rio

sábado, 1 de setembro de 2012

Secretário de Meio Ambiente fala do fechamento do aterro


Samuel Maia: Lixão de Jardim Gramacho fechou sem Seropédica estar pronta
O fechamento antecipado do aterro sanitário da Comlurb no bairro Jardim Gramacho e o agravamento da situação da coleta de lixo na Baixada Fluminense foram alguns dos assuntos debatidos pelo secretário de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento de Duque de Caxias, Samuel Maia, com membros do Conselho Comunitário de Segurança Pública (AISP 15). A reunião, realizada quinta-feira, 30 de agosto, no auditório da Secretaria Municipal de Educação, contou com a presença de autoridades da área de segurança pública, do poder público municipal, da sociedade civil organizada e lideranças comunitárias.
Questionado pelos participantes, Samuel Maia lembrou que o aterro sanitário da Comlurb foi criado durante o regime militar pela extinta FUNDREM (Fundação para o Desenvolvimento da Região Metropolitana) e durante 34 anos recebeu lixo da cidade do Rio de Janeiro e de municípios da Baixada.
”Por causa da Rio +20, realizada em junho na capital, a Comlurb antecipou em seis meses o fechamento do lixão. Com isso, Duque de Caxias e outras cidades da região tiveram que mudar a sua logística, gerando grande transtornos. Hoje, o lixo da cidade é levado para o CTR – Centro de Tratamento de Resíduos de Seropédica -, com despesas pagas pela Comlurb, já que o município nunca recebeu nada por isso”, disse Samuel Maia.
“A antecipação da abertura do CTR de Seropédica também gerou problemas ambientais. Funcionando ha 16 meses, o local não dispõe de estação para tratamento de chorume. Para evitar contaminação do lençol freático, a Comlurb está levando o líquido para a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Icaraí, em Niterói, distante 150 quilômetros, gerando gastos de R$ 260 mil por mês”, disse Samuel Maia.
“Por causa dessa situação crítica, a presidente do INEA (Instituto Estadual do Ambiente), Marilene Ramos, notificou a empresa que opera o aterro de Seropédica, que terá 60 dias para construir a estação de tratamento de chorume”, ressaltou o secretário Samuel Maia.
Reunião contou com autoridades, sociedade civil organizada e lideranças



Texto: Paulo Gomes
Fotos: Divulgação