Duas paróquias e 36 comunidades estão participando do programa de reciclagem de óleo comestível aberto este mês e com apoio da Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento de Duque de Caxias. Os moradores estão aprendendo a fazer sabão artesanal e detergente. A reciclagem de materiais está no Plano Plurianual que vai reger as políticas públicas de sustentabilidade nos próximos dez anos e contará com a participação de todos os órgãos municipais.
Moradores já produzem sabão e detergente
A primeira a entrar no programa foi a Paróquia São Francisco de Assis, em Campos Elíseos, que congrega 16 igrejas, onde hoje foi realizada mais uma oficina para fabricação de sabão artesanal, voltada para moradores do segundo distrito. A aula foi ministrada pelo presidente da Ong Trama Ecológica, Helan Nogueira da Silva. Cada paróquia vai receber dez galões de 200 litros para armazenamento do óleo. Participam das oficinas mulheres da Paróquia São Sebastião, do primeiro distrito. Os primeiros equipamentos, ao custo de cerca de R$ 13 mil, chegam ao próximo mês. Estão sendo comprados tanque, cortador com fio, moldadores, mesas cortadora e reator motorizado para processamento da massa.
Helan Nogueira fala do reaproveitamento do óleo doméstico
O projeto foi um dos agraciados com o prêmio Sadia, que promoveu um concurso nacional. Segundo Helan Nogueira, nesta fase os moradores estão recebendo noções do projeto e algumas mulheres já estão fabricando na própria igreja produtos tendo como base o óleo comestível usado. Cada barra de sabão que pesa em média 250 gramas é trocada por dois litros de óleo usado, estimulando os moradores da comunidade.
Cada dois litros de óleo usado vale uma barra de sabão
Junto com a Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Abastecimento, Nogueira pretende formar cooperativas em todos os distritos. Os interessados receberão capacitação técnica e farão curso de cooperativismo e gestão empreendedora e podendo atuar como agentes multiplicadores em seus bairros. Além da produção de sabão líquido, em barra e pastoso, as cooperativadas poderão aprender a fabricar na fase comercial amaciante e detergente. Cada uma poderá alcançar renda média mensal de um salário mínimo e meio.
As primeiras reuniões começaram em agosto e, em média, os encontros quinzenais contam com a presença de 20 mulheres. Trinta delas já confirmaram participação no curso, que começa em 20 de outubro. “Muitas donas de casa, por causa dos afazeres domésticos, não voltaram. Mas, com certeza, serão orientadas pelas amigas posteriormente", explicou.
As irmãs Odaisa e Olga dos Santos, estão no projeto desde o início. Elas ajudam na fabricação dos produtos e são responsáveis pela troca de óleo usado por sabão. As barras também são vendidas no local por R$ 1. “Não é difícil fabricar sabão em barra. Basta ter à mão o óleo, soda cáustica, essência e água”, diz Odaisa, que mora em Campos Elíseos.
“O projeto desenvolve um método alternativo para reciclagem de óleo comestível usado, que ao invés de ser descartado na rede de esgoto, provocando problemas ambientais, pode ser transformado em utilidade. Atualmente a tecnologia permite a reciclagem de diversos materiais como lixo urbano orgânico sólido, borracha, garrafas PET, óleos lubrificantes, embalagens de vidro, latas de aço e alumínio, papel e o óleo comestível, usado na fabricação de sabão”, disse Samuel Maia, acrescentando que um litro de óleo contamina um milhão de litros de água.
“Vamos buscar parcerias para instalação de outras unidades produtoras. O governo, além de pensar na preservação do meio ambiente está em busca de projetos que melhorem as condições de vida da população e ao mesmo tempo consiga gerar renda, principalmente para famílias de poucos recursos”, frisou Samuel Maia.
Sua secretaria vem incentivando as donas de casas, estabelecimentos comerciais (restaurantes, bares, lanchonetes, pastelarias, hotéis) e hospitais a não descartarem o produto que é prejudicial se jogado na rede de esgoto. O óleo, mais leve que a água, fica na superfície e cria uma barreira que dificulta a oxigenação da água, contribuindo para o comprometimento da cadeia alimentar aquática, entre outros prejuízos sérios de higiene e mau cheiro, além de provocar entupimentos de rede.
Samuel Maia alerta que, para o desentupimento de redes, são usados produtos altamente tóxicos promovendo uma cadeia nociva. “Isso, além de causar danos difíceis de serem reparados ao meio ambiente, se transforma em prática ilegal, criminosa, punida por lei”, alerta. Comerciantes, donas de casa e condomínios interessados em doar grandes quantidades de óleo usado poderão entrar em contato com a Trama Ecológica na Paróquia de Campos Elíseos pelo telefone 2773-7332 ou na SMMAAA pelo telefone 2773-6243.
Texto: Paulo Gomes/Assessoria de Comunicação PMDC
Fotos: Everton Barsan/Assessoria de Comunicação PMDC
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