quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A vez da diversidade biológica


Metas globais para a conservação das espécies até 2020 e regras justas para o acesso aos benefícios do uso de recursos genéticos estão entre os principais temas que serão discutidos, a partir desta segunda-feira, em Nagoya, Japão, na 10ª edição da Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica — a COP 10. No Ano Internacional da Biodiversidade, declarado pela ONU, o Brasil, uma das maiores reservas biológicas do planeta, será protagonista no encontro.
Espera-se que o governo brasileiro se comprometa a proteger, no mínimo, 30% das unidades de conservação da Amazônia e 10% das unidades de conservação dos outros biomas.
Balanço do Ministério do Meio Ambiente mostra que a Amazônia chegou perto, com 26,2% do território protegido. Cerrado (7,9%) Mata Atlântica (7,8%), Caatinga (7,3%), Pantanal (4%), Pampa (3,5%) e zonas costeira e marinha (1,5%) também ficaram abaixo do fixado, mesmo com o crescimento das reservas nos últimos anos. O aumento das unidades de conservação é uma das 51 metas estipuladas por resolução da Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio) de 2006.
Um dos desafios da “turma” da biodiversidade é despertar a atenção mundial para a urgência da discussão na mesma escala em que ocorreu com o aquecimento global. “Existe uma inveja histórica do pessoal da biodiversidade em relação ao das mudanças climáticas”, comentou Thomas Lewinsohn, mestre e doutor em Ecologia pela Unicamp, em seminário do Planeta Sustentável e da National Geographic, promovido no início do mês com patrocínio da Petrobras e apoio do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (Cebds).
A “inveja” dos pesquisadores é reflexo da menor urgência com que se trata do assunto, consequentemente, da menor parcela dos recursos, com resultados proporcionalmente mais tímidos. Expedições que concluem descrições de formas de vida avançam,segundo Lewinsohn, a passos de “lesma manca”. “Muitas espécies serão extintas sem jamais terem sido descritas”, observou.
Para o especialista, minorar as atenções quanto à biodiversidade constitui grave erro: “Não existem alterações globais isoladas. Os efeitos são combinados”, explicou. Estudos mostram que, na Suíça, onde diminuiu o número de dias com temperatura abaixo de zero,aumentoua quantidade de espécies exóticas — que ameaçam os biomas. “As transições podem ser inesperadas e, às vezes, irreversíveis”, alerta o professor Lewinsohn.


Convenção sobre Diversidade Biológica acontece este mês no Japão




Texto: Leila Souza Lima/O Dia/17.10.2010

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