Entre os resíduos sólidos urbanos produzidos há um tipo específico, que merece nossa atenção, os resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos ao fim de seu ciclo de vida , também denominados resíduos tecnológicos
O que seriam os equipamentos elétricos e eletrônicos? TVs, rádios, telefones celulares, eletrodomésticos portáteis, todos os equipamentos de microinformática, vídeos, filmadoras, ferramentas elétricas, DVDs, lâmpadas fluorescentes, brinquedos eletrônicos e milhares de outros produtos concebidos para facilitar a vida moderna e que atualmente são praticamente descartáveis, uma vez que ficam tecnologicamente ultrapassados em prazos de tempo cada vez mais curtos ou então devido à inviabilidade econômica de conserto, em comparação com aparelhos novos.
Aos produtores interessa vender cada vez mais, seja através do atrativo de novas funções ou design moderno, seja através da flagrante redução do ciclo de vida desses produtos.
O conserto dos mesmos também é dificultado através da não disponibilização, pela indústria, de peças de reposição ou então quando são disponibilizadas, seu custo é incompatível com a viabilidade econômica do reparo.
Um artigo publicado em 2004 pelo site da BBC Brasil, traz informações sobre uma pesquisa realizada por um grupo ligado às Nações Unidas e que defende o aumento dos esforços para evitar os danos ambientais causados por computadores e seus acessórios: "Para a fabricação de cada microcomputador, são necessários dez vezes o seu peso em produtos químicos e combustíveis fósseis", afirma o estudo.
Curta vida útil dos equipamentos de informática resulta em montanhas de resíduos
Seguem abaixo informações sobre algumas das substâncias que podem ser encontradas nos equipamentos eletroeletrônicos e seus prejuízos à saúde.
Chumbo
utilizado em: soldagem de placas de circuitos impressos, vidro dos tubos de raios catódicos, solda e vidro das lâmpadas elétricas e fluorescentes
prejuízos causados: danos ao sistema nervoso central periférico dos seres humanos. Foram também observados efeitos no sistema endócrino. Além disso, o chumbo pode ter efeitos negativos no sistema circulatório e nos rins
Mercúrio
utilizado em: termostatos, sensores e interruptores (exemplo: placas de circuitos impressos e em equipamentos de medição e lâmpadas de descarga), equipamentos médicos, transmissão de dados, telecomunicações e telefones celulares. Estima-se que 22% do mercúrio consumido anualmente sejam utilizados em equipamentos elétricos e eletrônicos
prejuízos causados: o mercúrio inorgânico disperso na água é transformado em metilmercúrio nos sedimentos depositados no fundo. O metilmercúrio acumula-se facilmente nos organismos vivos e entre na cadeia alimentar através dos peixes. O metilmercúrio provoca efeitos crônicos e causa danos ao cérebro
Cádmio
utilizado em: em placas de circuitos impressos, o cádmio está presente em determinados componentes, como chips, semicondutores e detectores de infravermelhos. Além disso, o cádmio tem sido utilizado como estabilizador em PVC
prejuízos causados: os compostos de cádmio são classificados como tóxicos e com risco de efeitos irreversíveis à saúde humana. O cádmio e seus compostos acumulam-se no corpo humano, especialmente nos rins, podendo vir a deteriorá-los com o tempo. O cádmio é absorvido por meio da respiração, mas também pode ser ingerido nos alimentos. Em caso de exposição prolongada, o cloreto de cádmio pode causar câncer e apresenta um risco de efeitos cumulativos no ambiente devido a sua toxicidade aguda e crônica
Fonte: Angela Cassia Rodrigues, especialista em meio ambiente e sociedade pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP); texto adaptado; dados sobre metais pesados extraídos do Relatório de Estudos de apresentação das propostas das Diretivas 2002/96/CE e 2002/95/CE pela Comissão das Comunidades Européias em 13/06/2000 ao Parlamento Europeu
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