Pequena ação, grande resultado
Medidas adotadas espontaneamente por grupos de moradores destacam a região no cenário ecológico
Na reserva El Nagual, Erhard Kalloch e a mulher, Mariana Devoto, convivem em harmonia com a natureza, cultivam produtos orgânicos e desenvolvem projetos ecológicos
(Foto: Paulo Alvadia/O Dia)
Em sintonia com a conferência sobre o clima, que reuniu líderes mundiais em Copenhague (Dinamarca), atitudes ecologicamente corretas estão em alta na Baixada Fluminense. Com grande parte cercada ou dentro de Áreas de Proteção Ambiental (APA), a região abriga reservas biológicas e possui vários parques municipais, como o da Serra do Vulcão, em Nova Iguaçu e Mesquita, e da Taquara, em Duque de Caxias. Destaque também para iniciativas de pequenos grupos que não fogem das responsabilidades para defender o meio ambiente no planeta.
Da criação de novos parques municipais, passando por coletas de lixo reciclável e destinação adequada para óleo de cozinha e pilhas velhas, são vários programas que demonstram iniciativas sustentáveis na região. Uma delas é a criação da Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Encravadas no pé da Serra dos Órgãos, em Magé, e no entorno da Reserva Biológica do Tinguá, as pousadas El Nagual e Refúgio Ecotinguá, respectivamente, preservam juntas mais de 42 hectares de Mata Atlântica.
“De nada adianta discutir em Copenhague se não tomarem atitudes imediatas. Cada um de nós deve fazer sua parte”, afirma o alemão Erhard Kalloch, conhecido como Eraldo, que dirige a El Nagual junto à esposa, argentina.
Ambientes mantêm a harmonia da natureza
Ecologistas defendem a preservação do verde nas construções. Proprietários transformam grandes áreas em reservas para proteção da fauna e da flora da Baixada
“É um compromisso com a natureza e com o meio ambiente. Essa área fica congelada para sempre e ninguém pode mudar mais. Nem filhos, nem netos. É uma das maiores contribuições para quem quer um futuro melhor para o planeta”, afirma Hélio, acrescentando que, recentemente, uma propriedade de 3,5 hectares se tornou RPPN em Paracambi.
O casal Erhard Kalloch e Mariana Devoto, da pousada El Nagual, em Magé, além de preservar, investiu no reflorestamento da área, inclusive criando um pomar ao longo da estrada de acesso à pousada. A propriedade também possui um biodigestor, que transforma o esgoto em adubo, para horta orgânica, e combustível para oficina, onde desenvolve trabalhos ecológicos com a comunidade de Santo Aleixo.
O ex-jesuíta e economista belga Cristiano Camerman, da ONG Campo, que administra a Pousada Refúgio Eco Tinguá, diz que a opção de tornar uma propriedade particular em RPPN é radical e somente quem quer mesmo proteger a natureza opta por abrir mão dos direitos. Segundo ele, dos 25 hectares da propriedade, 75% são de mata, com fauna e flora protegidas:
“É bom manter esse pedaço de terra da maneira que está. Nos últimos seis anos percebi que o número de pássaros na região aumentou na região. A gente consegue ver tucanos, bem-te-vis, canários e coleiros. Há também sagüi, tatu, macaco e cobras”, diz.
Segundo o secretário de Meio Ambiente de Duque de Caxias, Samuel Maia, o cantor e compositor Zeca Pagodinho se interessou pelo tema durante um evento em Xerém, onde já morou e mantém um sítio. “Conversávamos sobre preservação da natureza com o Zeca, que sempre se mostrou interessado em proteger a área onde tem o sítio. Nos colocamos à disposição para ajudá-lo a criar uma RPPN“, afirma o secretário.
Zeca Pagodinho confirmou sua preocupação em preservar a natureza; no entanto, o cantor preferiu não tomar posição sobre a criação ou não da RPPN, até se aprofundar mais de detalhes sobre o assunto.
Duas áreas de proteção ambiental foram criadas este ano na Baixada. A mais recente foi em Duque de Caxias, que oficializou a Reserva Biológica do Parque Eqüitativa. A área protegida possui 1,5 milhão de metros quadrados, que corresponde a 150 mil hectares de espécie nativas de Mata Atlântica. Será a primeira reserva biológica municipal da região.
Em Paracambi, será implantado o Parque Municipal do Curió, que leva o nome do passarinho, referência na cidade. Ocupará área de 913 hectares. O custo do parque será pago por uma empresa que deve compensação ambiental ao estado, que repassará o valor à Prefeitura.
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