segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Aquecimento global já tem mais de 180 anos de alertas

Os alertas de cientistas sobre o risco de aquecimento anormal do planeta não começaram com os relatórios do Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC, em inglês). Depois de publicar avaliações em 1990, 1995 e 2001, a entidade lançou, em 2007, o documento que se tornou o consenso científico sobre aquecimento, elaborado por 1,2 mil cientistas independentes e 2,5 mil revisores.

No entanto, a investigação científica sobre esses processos climáticos começou há muito tempo. Precisamente 180 anos antes do quarto relatório do IPCC ser divulgado, o matemático e físico francês Jean Baptiste Fourier já havia calculado que a Terra seria muito mais fria se não existisse a atmosfera. Mais tarde, 32 anos depois de Fourier, o irlandês John Tyndall descobriu, em 1859, que alguns gases, como dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), aprisionam a radiação infravermelha, criando o efeito estufa. Em 1896, o químico sueco Svante Arrhenius, Prêmio Nobel de Química de 1903, apontou a queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás, carvão) como produtora de CO2 e calculou que a temperatura da Terra aumentaria 5ºC com o dobro de gás carbônico na atmosfera.

Prêmio Nobel de Química de 1903, o sueco Svante Arrhenius foi um dos pioneiros ao prever o aquecimento global

As medições empíricas começaram para valer em 1958, quando o americano Charles David Keeling pôs em operação uma estação de medição de dióxido de carbono no alto do monte Mauna Loa, no Havaí, a 3,4 km do nível do mar), e detectou a elevação anual de CO2 atmosférico com o aumento do uso dos combustíveis fósseis.

Apenas nas últimas décadas o ceticismo da comunidade científica foi quebrado. Primeiro porque passou a ser viável obter séries longas de dados climatológicos para diferentes regiões do planeta, o que permitiu observar alterações significativas em escalas globais, e não apenas em uma região específica. Também passaram a ser desenvolvidos computadores com potência necessária para processar modelos de simulação dos processos físicos, químicos e biológicos que afetam todo o sistema climático.

Em 2001, o relatório do IPCC previu aumento de 1,4ºC a 5,8ºC na temperatura do planeta até 2100. Seis anos depois, o quarto relatório do IPCC defendeu que o aquecimento global é "inequívoco", prevendo aumento médio de 3ºC caso a concentração de gases do efeito estufa dobre.

O IPCC foi criado em 1998, um ano depois da assinatura do Protocolo de Kyoto. "Filho" de duas agências da ONU - a do meio ambiente (Pnuma) e da meteorologia (OMM) - seu objetivo é usar a literatura científica para compreender a avaliar a extensão das mudanças climáticas. Outro objetivo é avaliar o potencial da humanidade para se adaptar às alterações ou fazer frente a elas. O IPCC dividiu o Prêmio Nobel da Paz de 2007 com o ex-vice-presidente americano Al Gore.

Texto: G1 São Paulo (adaptado)

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