terça-feira, 30 de agosto de 2011

Catadores a sete meses do desemprego em Gramacho

Estudo revela que, se nada for feito, bairro ganhará 3.147 pobres e indigentes com fim do lixão



Presidente da Cooper Caxias, Nilson está descrente em relação ao futuro, mas ainda vai continuar no ramo


A sete meses do fim das operações do Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, 1.200 catadores temem pela perda de sua principal fonte de renda: a catação de materiais recicláveis. A partir de março do ano que vem, o aterro de Gramacho deixará de receber 8.400 toneladas de lixo por dia, que terão como destino o Centro de Tratamento de Resíduos, em Seropédica.

O futuro incerto poderá agravar a pobreza na região. Segundo pesquisa, encomendada pela Secretaria Estadual do Ambiente, se nada for feito, o bairro terá mais 1.342 pobres e 1.805 indigentes.

Estudo preliminar da Prefeitura de Caxias e do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) identificou que 70% dos catadores são alcoólatras e poderão ter câncer devido ao contato com metais pesados e material radiativo.

Há 30 anos no lixão, Nilson José dos Santos, 45 anos, está descrente quanto ao destino das famílias de Gramacho. “Só vamos acreditar quando o dinheiro do fundo sair do papel. Hoje a única coisa que temos é a nossa força de trabalho”, critica o presidente da Cooper Caxias. Ao contrário dele, 56% querem mudar de ramo. “Já formamos a 1ª turma de serventes para a construção civil”, conta Roberta Alves, 36, a Docinho, líder do Conselho de Catadores.





Com o fim do aterro, 56% dos catadores já planejam mudar de ramo e procuram cursos profissionalizantes


Trabalhadores querem fundo antecipado
Trabalhadores querem antecipar R$ 21 milhões obtidos com exploração do biogás do aterro depositados em fundo por 15 anos, para comprar maquinário, galpões e até abrir banco de crédito popular. “A situação é preocupante. Para terem direito ao dinheiro em Fundo, a Câmara de Caxias precisa aprovar”, diz o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc.

De acordo com Samuel Maia, secretário de Meio Ambiente de Caxias, o projeto de lei que cria o Fundo será enviado à Câmara nos próximos dias. “Estamos cadastrando catadores para receber o Bolsa-família e oferecendo 3 mil vagas em cursos profissionalizantes”, adianta.



Texto: Christina Nascimento/Maria Luisa Barros/O Dia/28.08.2011/p.16

Fotos: Felipe O'Neill/O Dia/28.08.2011/p.16

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