quarta-feira, 28 de abril de 2010

Nova leva de propostas e metas

Na Semana da Terra, lideranças sugerem tribunal para julgar “criminosos climáticos”, referendo mundial sobre aquecimento global e adoção de combustíveis “limpos”. Documento destaca Brasil como mediador do clima


A redução do desmatamento é menos restritiva ao crescimento econômico
do que restrições ao consumo de energia e a processos industriais

Terra, mundo, planeta azul – o imenso globo onde hoje vivem 6 bilhões de pessoas e um gigantesco número de espécies animais e vegetais também poderia ser chamado de “casa”. Firmada em 1970 nos Estados Unidos por ocasião do primeiro protesto nacional contra a poluição, a data que celebra o planeta passou a ser festejada globalmente todo 22 de abril a partir de 1990. Na semana do Dia da Terra, lideranças lembraram, cada uma ao seu estilo, que a construção de sociedades sustentáveis com foco na preservação ambiental é um projeto inadiável.
“Devemos continuar a trabalhar para tornar realidade o sonho de uma economia baseada nas energias limpas e entregar às crianças um mundo mais limpo e seguro do que aquele em que nos encontramos”, disse o presidente dos EUA, Barack Obama.
Da Conferência Mundial dos Povos sobre as Mudanças Climáticas e os Direitos da Mãe Terra, em Cochabamba, Bolívia – reunião com 20 mil ativistas –, saíram propostas ousadas, e com tintas românticas: “Está de acordo em abandonar o modelo de superprodução e consumismo para restabelecer a harmonia com a natureza?”, aferem em documento os conferencistas.
Um tribunal climático, “para julgar os que destroem a Mãe Terra”, e a realização mundial de referendo mundial sobre meio ambiente a exatamente daqui a um ano são sugestões a serem levadas à conferência climática das Nações Unidas, no México. Radical, o presidente boliviano, Evo Morales, sentenciou: “Ou morre o capitalismo, ou morre o planeta”.
Mais pé no chão, o Fórum de Cochabamba pediu a adoção de meta obrigatória de redução em 50% das emissões dos gases do efeito estufa até 2020. Essa revisão limitaria a elevação da temperatura do planeta em 1,5 grau, e não aos 2 graus fixados na esvaziada COP 15, promovida em dezembro na Dinamarca.
Também na Semana da Terra, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou estudo que destaca o Brasil como negociador e interlocutor entre os países na agenda de mudanças climáticas. O comunicado ‘Perspectivas sobre as Negociações de Mudança Climática e seus Impactos na Política Brasileira’ aponta que o país está em posição vantajosa em relação a outras nações por ter matriz energética diferenciada, com produção de eletricidade concentrada em hidrelétricas e a opção dos biocombustíveis.
Para analistas, ações de controle do desmatamento podem oferecer ao país significativa vantagem em relação às demais nações. “A redução do desmatamento é, sem dúvida, menos restritiva ao crescimento econômico do que restrições ao consumo de energia e a processos industriais, as quais alguns países emergentes temem adotar neste momento”, diz o documento.

Fonte: jornal "O Dia", 25/04/2010
Foto: banco de imagens "O Dia"

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