quarta-feira, 16 de junho de 2010

PF fecha cerco pela natureza

Policiais federais combatem o tráfico ilegal de animais em reserva biológica e feiras de municípios da Baixada
Policiais federais prendem caçadores que atuavam ilegalmente na
Reserva Biológica do Tinguá, em Nova Iguaçu: animais mortos e muitas armas
A Polícia Federal está de olho nas quadrilhas especializadas na caça e comércio de animais silvestres na Baixada. Os alvos são principalmente a Reserva Biológica do Tinguá, em Nova Iguaçu, e a feira livre de Duque de Caxias, apontada com um dos locais de maior tráfico do gênero no mundo, seja para uso de estimação, gastronomia ou magia negra. A feira foi ponto de partida da maior investigação no país.
Ex-titular da Delegacia de Repressão a Crimes contra o Meio Ambiente e o Patrimônio Histórico (Delemaph) e atual chefe do Núcleo Nova Iguaçu de Polícia Federal, o delegado Alexandre Saraiva já pediu a prisão de maia de uma centena de caçadores e traficantes de animais, ao fim de três inquéritos, que culminou em buscas e apreensões em vários estados, na Operação Oxóssi – uma alusão ao orixá protetor da floresta. Os acusados foram identificados através de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça.
“A Reserva Biológica do Tinguá é uma concentração da biodiversidade e a feira livre de Caxias o maior ponto de venda. Qualquer atividade comercial precisa do produto, do vendedor e do ponto que é fundamental, porque todo mundo fica sabendo onde buscar. E é isso que estamos combatendo. Quem for comprar animais em Caxias vai se dar mal”, afirma o delegado.

Mais visado
Entre os animais mais visados estão papagaios, araras, tucanos, arapongas, sabiás, trinca-ferros, curiós e canchãos, macacos, tatus, preguiças, gambás, cágados, jabutis e cobras.
Os caçadores de animais em extinção na Reserva de Tinguá utilizam armas de fogo, como espingardas, e armadilha conhecida como trabuco, artefato de fabricação caseira que é detonado sempre que o animal toca na linha de náilon esticada em uma trilha. “É um método extremamente nocivo, que não discrimina tamanho e nem espécie animal, matando os bichos em grande quantidade”, lamenta o delegado.
Armas apreendidas em operações da PF em matas da Baixada

O porco-do-mato, por exemplo, é um dos animais mais visado pelos criminosos, por causa da valorização de sua carne em restaurantes. “De um lado há o caçador e do outro o comerciante. Agem às claras, dando uma sensação de impunidade”, critica o policial.
Nos últimos dois anos, a PF fez incursões na Rebio Tinguá, onde prendeu dezenas de infratores, apreendeu trabucos e outras armas e destruiu mais de 40 ranchos (cabanas de caçadores). “Vamos reprimir os criminosos e autuá-los por receptação e formação de quadrilha, por serem crimes inafiançáveis, punidos com maior rigor do que a lei dos crimes ambientais”, diz Saraiva.

Texto: Geraldo Perelo/O Dia/06.06.2010
Fotos: divulgação

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