quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Fabricação de PC representa risco ambiental, diz ONU

Uma pesquisa realizada por um grupo ligado à ONU defende o aumento dos esforços para evitar os danos ambientais causados por computadores e seus acessórios

Pesquisadores recomendam upgrades e venda de micros usados

Para a fabricação de cada microcomputador, são necessários dez vezes o seu peso em produtos químicos e combustíveis fósseis, afirma o estudo preparado pela Universidade da ONU.

A curta vida útil dos equipamentos de informática resulta em montanhas de resíduos.

Esses resíduos são reciclados ou despejados em grandes depósitos de lixo nos países em desenvolvimento, trazendo risco à saúde das populações que vivem nas proximidades, segundo a pesquisa.

Upgrades

Os autores argumentam que fabricantes e usuários de computadores deveriam receber incentivos para fazer upgrades ou reutilizar o hardware em vez de jogá-lo fora.

À medida que os computadores ficam menores e mais eficientes no consumo de energia, a tendência natural seria que o seu impacto ambiental diminuísse com o tempo. Na prática, o contrário vem acontecendo, afirma a pequisa.

Na fabricação de um PC com monitor de vídeo de 24 kg, são necessários 240 kg de combustíveis fósseis para prover energia e 22 kg de produtos químicos.

Enquanto os micros precisam de mais de dez vezes o seu peso em materiais, carros ou geladeiras, por exemplo, consomem apenas de uma a duas vezes o seu peso em químicos e combustíveis quando fabricados.

Mais de 130 milhões de computadores são produzidos no mundo anualmente, o que poderia representar um grande impacto ambiental.

Os riscos à saúde das pessoas ocorrem tanto no processo de fabricação – em que são usados químicos e metais pesados tóxicos – quanto no momento em que são despejados no lixo.

Câncer

Pouco se pesquisou até agora sobre esses impactos na prática. Tramitam na Justiça atualmente vários processos de trabalhadores da indústria de semicondutores que dizem terem adquirido câncer ou tido filhos com defeitos ao nascer por causa do trabalho.

Hans Van Ginkel, reitor da Universidade da ONU em Tóquio, afirmou que "o estudo mostra claramente que a nossa atual compreensão sobre os impactos da indústria de semicondutores à saúde e ao ambiente é inadequada".

O estudo elogia nova legislação que está sendo adotada pela União Europeia neste ano obrigando a indústria de eletrônicos a assumir a responsabilidade pela coleta segura de equipamento ultrapassado.

Um dos editores do estudo, Eric William, declarou que as pessoas podem fazer a sua parte para evitar os danos ambientais causados pelos micros.

"Cada usuário de computador tem um papel a cumprir", disse ele.

"Os usuários devem pensar com cuidado se realmente precisam comprar um novo micro; devem avaliar se um upgrade da máquina que já possuem não atenderia os mesmos objetivos. Vender as máquinas velhas rapidamente no mercado de usados também é importante."

Fonte: BBC Brasil, 08/03/2004
http://www.bbc.co.uk/portuguese/ciencia/story/2004/03/040308_computersms.shtml

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