Uma década após acidente com o vazamento do óleo na Baía de Guanabara, mangue da APA de Guapimirim tem crescimento de 500 hectares. Em Mauá, no município de Magé, a população de caranguejos já é superior a 1 milhão de crustáceos adultos
Na Praia de Mauá, em Magé, outra boa notícia para a natureza. O projeto Mangue Vivo, tocado pela ONG Vida Azul em parceria com a iniciativa privada, triplicou os resultados nos últimos quatro anos.
Um alento para crustáceos, cobras, capivaras, biguás e várias aves migratórias que encontram um porto seguro nos 7,1 mil hectares do manguezal da APA de Guapimirim ou nos 12 hectares do mangue em recuperação na Praia de Mauá.
“Foi um crescimento natural do mangue. É um excelente indicativo de que a APA desempenha o seu papel. Existem atividades de fiscalização ambiental, como patrulhamento aquático, terrestre e, eventualmente, aéreo, de helicóptero. Evitamos a ocupação desordenada e retirada de madeira e a pesca predatória. Infelizmente, o resto da Mata Atlântica está sofrendo progressiva redução de cobertura vegetal”, diz o diretor da APA, Breno Herrera.
Golfinhos e tartarugas marinhas já começam a buscar abrigo nas áreas da APA de Guapimirim
No local, há registro de mamíferos como lontras, capivaras e guaxinins. Existem ainda exemplares do jacaré-do-papo-amarelo, em extinção, e várias espécies de cobras, como jibóias e jararacas. Foram catalogadas 172 espécies de aves, com destaque para garças, maguaris, socós, biguás, coleiros, além da marreca caneleira, também ameaçada.
Mas para preservar a vida nos 14 mil hectares da APA de Guapimirim, que inclui áreas da Mata Atlântica e manguezal distribuídas pelos municípios de Guapimirim, Magé, Itaboraí e São Gonçalo, não é fácil. Na vigilância estão dois guardas do Instituto Chico Mendes, de três a quatro policiais do Batalhão Florestal da Polícia Militar e 10 guardas municipais da Prefeitura de Itaboraí.
“Temos também outra linha de ação, que é a educação ambiental, com visitas guiadas das escolas da região, na maioria, públicas. E existem atividades de pesquisas científicas. É a APA federal com maior número de pesquisas em andamento. A Uerj estuda a ecologia vegetal; a UFF, a fauna de caranguejos; e a PUC está avaliando a qualidade das águas”, enumera Breno.
Aterro divide manguezal no bairro Beira Mar, em Duque de Caxias
Ações de compensação ambiental
O secretário municipal de Meio Ambiente de Duque de Caxias, Samuel Maia, disse que os licenciamentos para aterro e a compactação do solo estão reduzindo o manguezal no bairro Beira Mar. Ele vai apresentar projetos para empresas que se desenvolveram ao redor do manguezal do município e que possuem passivo ambiental.
Segundo Samuel Maia, a empresa que for explorar o biogás do aterro de Jardim Gramacho terá que investir R$ 400 milhões em ações compensatórias, sendo que R$ 80 milhões deverão ir para Caxias e serão aplicados em projetos de capacitação de jovens agentes ambientais, além de projetos paisagísticos e de recuperação na área ao redor do mangue.
A empresa WTorre, que está construindo um empreendimento imobiliário na área do bairro Beira Mar, informou que é responsável pela recuperação do mangue aterrado, de forma sustentável. Para desenvolver o projeto, contratou um biólogo. “Hoje existe uma floresta de mais de 300 mil metros quadrados, povoada de várias espécies”, garante o superintendente Solano Neiva.
Texto: Helvio Lessa/O Dia
Fotos: Paulo Araújo/O Dia
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